segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Razão e Sensibilidade

Outro dia, escrevendo sobre “Orgulho e Preconceito”, lembrei-me deste filme de Ang Lee, também ele uma adaptação de um clássico de Jane Austen, que durante muito tempo ficou guardado com carinho em minha lembrança, mas que andava um pouco esquecido. 
Ambas as histórias são muito parecidas. 
Como em “Orgulho...” existem as irmãs (duas no caso deste filme) desprovidas de posses mais substanciais e que, por conta disso, precisam arrumar um bom casamento naquela Inglaterra do Século XVI, tão cheia de código de comportamento e de etiqueta. Durante as trajetórias distintas de cada uma delas em busca da felicidade, vemos uma série de personagens desfilarem, com suas próprias tramas paralelas a norteá-los, o quê acaba revelando a imensa habilidade de Ang Lee, e do roteiro em tecer sua história. 
Na época do lançamento do filme, 1995, ele gerou uma súbita procura por novas adaptações de Jane Austen. Pouco depois foi feito “Emma”, com Gwyneth Paltrow, por exemplo. 
Mas o filme de Ang Lee representava ironicamente uma novidade, em vários aspectos. Era uma produção incomum: Um projeto inglês, tocado por um diretor chinês (naquela época, Lee era mais famosos por trabalhos neo-realistas feitos na China como “Banquete de Casamento” e “Comer Beber Viver”), e que ainda trazia um roteiro escrito por sua atriz principal, Emma Thompson, e no elenco, uma das presenças era uma jovem Kate Winslet, anos antes de “Titanic”, vinda de um filme cult neo-zelandês de Peter Jackson, o fascinante “Almas Gêmeas”. 
Dessa mistura desigual e inusitada emergiu uma obra de grande excelência, que dominou, junto a outras mais, aquela temporada de premiações: Ainda considero um bocado injusto Ang Lee ter perdido o Oscar de Melhor Diretor para Mel Gibson em “Coração Valente” mas... ei, ele não estava nem indicado! Mas, é claro que o filme concorria, e Emma Thompson também garantiu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Vendo hoje (e constatando a série de altos e baixos que a prolífica carreira de Ang Lee teve) é fácil entender porque muita gente já não lembra de “Razão e Sensibilidade”: Em uma filmografia que depois teria títulos memoráveis como “O Tigre e O Dragão”, “Tempestade de Gelo”, “O Segredo de Brokeback Mountain”, “Desejo e Perigo” e “As Aventuras de Pi”, é difícil para um filme de época pequenino, genuíno e tocante em sua simplicidade, se destacar. 
Por mais genial que ele seja.

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