Outro dia, escrevendo sobre “Orgulho e
Preconceito”, lembrei-me deste filme de Ang Lee, também ele uma adaptação de um
clássico de Jane Austen, que durante muito tempo ficou guardado com carinho em
minha lembrança, mas que andava um pouco esquecido.
Ambas as histórias são muito parecidas.
Como em “Orgulho...” existem as irmãs (duas no
caso deste filme) desprovidas de posses mais substanciais e que, por conta
disso, precisam arrumar um bom casamento naquela Inglaterra do Século XVI, tão
cheia de código de comportamento e de etiqueta. Durante as trajetórias
distintas de cada uma delas em busca da felicidade, vemos uma série de
personagens desfilarem, com suas próprias tramas paralelas a norteá-los, o quê
acaba revelando a imensa habilidade de Ang Lee, e do roteiro em tecer sua
história.
Na época do lançamento do filme, 1995, ele
gerou uma súbita procura por novas adaptações de Jane Austen. Pouco depois foi
feito “Emma”, com Gwyneth Paltrow, por exemplo.
Mas o filme de Ang Lee representava
ironicamente uma novidade, em vários aspectos. Era uma produção incomum: Um
projeto inglês, tocado por um diretor chinês (naquela época, Lee era mais
famosos por trabalhos neo-realistas feitos na China como “Banquete de
Casamento” e “Comer Beber Viver”), e que ainda trazia um roteiro escrito por
sua atriz principal, Emma Thompson, e no elenco, uma das presenças era uma
jovem Kate Winslet, anos antes de “Titanic”, vinda de um filme cult
neo-zelandês de Peter Jackson, o fascinante “Almas Gêmeas”.
Dessa mistura desigual e inusitada emergiu uma
obra de grande excelência, que dominou, junto a outras mais, aquela temporada
de premiações: Ainda considero um bocado injusto Ang Lee ter perdido o Oscar de
Melhor Diretor para Mel Gibson em “Coração Valente” mas... ei, ele não estava
nem indicado! Mas, é claro que o filme concorria, e Emma Thompson também
garantiu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Vendo hoje (e constatando a série
de altos e baixos que a prolífica carreira de Ang Lee teve) é fácil entender
porque muita gente já não lembra de “Razão e Sensibilidade”: Em uma filmografia
que depois teria títulos memoráveis como “O Tigre e O Dragão”, “Tempestade de
Gelo”, “O Segredo de Brokeback Mountain”, “Desejo e Perigo” e “As Aventuras de
Pi”, é difícil para um filme de época pequenino, genuíno e tocante em sua
simplicidade, se destacar.
Por mais genial que ele
seja.
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