segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Spotlight - Segredos Revelados

O gênero investigativo já rendeu grandes filmes. Talvez o maior exemplar do gênero seja “Todos Os Homens do Presidente”, contudo, nos últimos tempos tem sido uma categoria de filmes cada vez mais escassa, possivelmente devido ao pouco interesse do público, mais e mais voltado para obras de entretenimento vazio do que produções com conteúdo. 
É possível lembrar apenas de “O Informante” de Michael Mann, com Russel Crowe e Al Pacino, num já longínquo ano 2000... e mais nada. 
“Spotlight” vem para suprir essa lacuna. E o faz com pompa e circunstância. 
Desde o início é um tanto quanto admirável ver um projeto corajoso como esse ganhar a luz do sol, pois ele toca em temas escandalosos ao apontar o dedo para a Igreja Católica. Mais admirável ainda é a inesperada consagração que ele vem obtendo na temporada de prêmios, tirando ligeiramente um favoritismo que antes parecia ser apenas de “O Regresso”. Méritos para isso não lhe faltam. 
Em 2001, pouco antes do trágico atentado ao World Trade Center (que é mostrado em um determinado ponto da narrativa), o novo editor do The Globe, prestigiado jornal de Boston, propõe uma incisiva investigação aos casos de pedofilia envolvendo padres das paróquias da cidade, que ao que tudo indica estão sendo varridos para debaixo do tapete pela própria Igreja. Essa iniciativa, movida por uma equipe jornalística apelidada "Spotlight" acaba revelando, ao longo dos persistentes meses de investigação, que tais casos não são ocorrências corriqueiras, mas abusos que ocorrem em uma imenso número, em comunidades do mundo todo, e em  todos os casos, a atitude da Igreja é a de silenciar as vítimas e minimizar os danos à própria instituição.
Com base nesse argumento, primorosamente urgido como roteiro, e contando com um elenco fenomenal (no qual se faz impossível não destacar o brilho de Michael Keaton e de Mark Ruffalo), o diretor Tom McCarthy elabora uma intenso e urgente registro do jornalismo investigativo real -aquele que parece estar morrendo, em face dos blogs e sites de notícias superficiais da internet -ao mesmo tempo que aborda um tema, no mínimo espinhoso. Prova de sua perícia, e da qualidade estratosférica que alcançou, é o fato de que ninguém está se referindo a este magnífico longa-metragem como uma obra polêmica, mas sim como o grande filme que é.

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