domingo, 25 de setembro de 2016

Guardiões da Galáxia

Até 2014, podia-se dizer que o Universo Marvel Cinematográfico vivia em sua zona de conforto: Os filmes individuais de seus heróis, fizeram sucesso e tiveram muito êxito em estabelecer os fundamentos desse universo, refletindo a mesma estrutura dos quadrinhos, culminando no filme “Os Vingadores”, onde todos se juntaram. A partir daí, eles podiam investir em intermináveis continuações, como pôde ser conferido com os divertidos, mas relativamente reciclados “Homem de Ferro 3” e “Thor-O Mundo Sombrio”, lançados em 2013.
No ano seguinte, contudo, a Marvel Studios mostrou que não estava para brincadeiras, e lançou dois projetos que estabeleciam muito bem os planos de aprimoramentos e melhoramentos almejados pelo estúdio –o espetacular “Capitão América-Soldado Invernal” e este “Guardiões da Galáxia”.
De longe, o projeto mais ousado já executado pela Marvel, “Guardiões...” não apenas era baseado em personagens completamente desconhecidos do grande público, como também –devido ao fato de ser uma aventura nos confins do espaço sideral –não oferecia muitas oportunidades para construir uma conexão imediata com os heróis mais famosos, além do detalhe desafiador de que dois de seus personagens principais eram um guaxinim falante e uma árvore ambulante (!).
O escolhido para capitanear a empreitada (e que recebeu relativa liberdade criativa da Marvel para tal) foi o diretor e roteirista James Gunn (de filmes díspares, independentes e inusitados como a ficção “Seres Rastejantes” e a comédia “Super”) que soube acrescentar à bem-sucedida receita de bons filmes da Marvel uma salutar irreverência.
A trama se inicia no ano de 1988 quando, ainda criança, o terráqueo Peter Quill é abduzido por uma nave alienígena que o leva da terra na mesma noite em que perde sua mãe. Vinte e seis anos depois, ele é um caçador de recompensas em outra galáxia auto-denominado ‘Senhor das Estrelas’ (personificado com excelência e bom humor por Chris Pratt), cujas atividades ilícitas o fazem prisioneiro ao lado de outras figuras inusitadas como a assassina verde Gamorra (Zoe Saldana, ótima), o tal guaxinim falante citado acima, Rocket (na voz de Bradley Cooper), seu melhor amigo Groot (por sua vez, a arvora ambulante, cuja voz de Vin Diesel diz apenas uma frase todo o filme: “Eu sou Groot!”), e o anti-social Drax (o ex-lutador Dave Bautista). Juntos pelo acaso, eles acabam compondo uma equipe que deverá salvar toda a galáxia do maligno Ronan, o Acusador (Lee Pace), cujos planos de grandeza envolvem apoderar-se do Orbe, uma das Jóias do Infinito, cobiçadas também pelo poderoso Thanos (Josh Brolin, afiando as garras para um personagem que deve ser um dos grandes antagonistas de um filme vindouro dos Vingadores).
O resultado foi um sucesso estrondoso, prova de que a Marvel tinha plena consciência de que haviam limites ainda não testados para a evolução (e direção) na qual os filmes adaptados de quadrinhos poderiam seguir, e muito desse êxito se deve ao tom contagiante e descontraído adotado pelo ótimo elenco.

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