Até 2014, podia-se dizer que o Universo Marvel
Cinematográfico vivia em sua zona de conforto: Os filmes individuais de seus
heróis, fizeram sucesso e tiveram muito êxito em estabelecer os fundamentos
desse universo, refletindo a mesma estrutura dos quadrinhos, culminando no
filme “Os Vingadores”, onde todos se juntaram. A partir daí, eles podiam
investir em intermináveis continuações, como pôde ser conferido com os
divertidos, mas relativamente reciclados “Homem de Ferro 3” e “Thor-O Mundo
Sombrio”, lançados em 2013.
No ano seguinte, contudo, a Marvel Studios
mostrou que não estava para brincadeiras, e lançou dois projetos que
estabeleciam muito bem os planos de aprimoramentos e melhoramentos almejados
pelo estúdio –o espetacular “Capitão América-Soldado Invernal” e este
“Guardiões da Galáxia”.
De longe, o projeto mais ousado já executado
pela Marvel, “Guardiões...” não apenas era baseado em personagens completamente
desconhecidos do grande público, como também –devido ao fato de ser uma
aventura nos confins do espaço sideral –não oferecia muitas oportunidades para
construir uma conexão imediata com os heróis mais famosos, além do detalhe
desafiador de que dois de seus personagens principais eram um guaxinim falante
e uma árvore ambulante (!).
O escolhido para capitanear a empreitada (e que
recebeu relativa liberdade criativa da Marvel para tal) foi o diretor e
roteirista James Gunn (de filmes díspares, independentes e inusitados como a
ficção “Seres Rastejantes” e a comédia “Super”) que soube acrescentar à bem-sucedida receita de bons filmes da Marvel uma salutar irreverência.
A trama se inicia no ano de 1988 quando, ainda
criança, o terráqueo Peter Quill é abduzido por uma nave alienígena que o leva
da terra na mesma noite em que perde sua mãe. Vinte e seis anos depois, ele é
um caçador de recompensas em outra galáxia auto-denominado ‘Senhor das
Estrelas’ (personificado com excelência e bom humor por Chris Pratt), cujas
atividades ilícitas o fazem prisioneiro ao lado de outras figuras inusitadas
como a assassina verde Gamorra (Zoe Saldana, ótima), o tal guaxinim falante
citado acima, Rocket (na voz de Bradley Cooper), seu melhor amigo Groot (por
sua vez, a arvora ambulante, cuja voz de Vin Diesel diz apenas uma frase todo o
filme: “Eu sou Groot!”), e o anti-social Drax (o ex-lutador Dave Bautista).
Juntos pelo acaso, eles acabam compondo uma equipe que deverá salvar toda a
galáxia do maligno Ronan, o Acusador (Lee Pace), cujos planos de grandeza
envolvem apoderar-se do Orbe, uma das Jóias do Infinito, cobiçadas também pelo
poderoso Thanos (Josh Brolin, afiando as garras para um personagem que deve ser
um dos grandes antagonistas de um filme vindouro dos Vingadores).
O resultado foi um sucesso
estrondoso, prova de que a Marvel tinha plena consciência de que haviam limites
ainda não testados para a evolução (e direção) na qual os filmes adaptados de
quadrinhos poderiam seguir, e muito desse êxito se deve ao tom contagiante e
descontraído adotado pelo ótimo elenco.
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