A carreira cinematográfica de Sofia Coppola
recebeu grande ajuda e incentivo de seu pai, o ilustre Francis Ford. Mesmo
antes quando (ainda bem jovem) Sofia experimentou alçar vôos como atriz, seu
pai a ajudou –ele deu a ela um papel fundamental em “O Poderoso Chefão Parte
3”, com resultados insatisfatórios.
Depois que ela decidiu tornar-se diretora,
ele produziu todos os seus filmes, de “As Virgens Suicidas” até o mais recente “Bling
Ring-A Gangue de Hollywood”, deixando bem claro, para o pai e para o mundo, o
estilo que ela adotaria para contar histórias.
Em algum momento dessa filmografia notável que
Sofia construiu, Coppola, o pai, tentou colocá-la num projeto que tivesse mais
a sua cara.
Leia-se: Um trabalho suntuoso, com tinturas
épicas. Mais clássico do que alternativo.
O resultado foi “Maria Antonieta” que,
polarizado entre os estilos bastante díspares do pai (produtor) e da filha
(diretora) transfigurou-se não em uma cinebiografia da célebre rainha da França,
mas em um esforço de tentar entender sua personalidade, estranhamente
localizado numa área nebulosa entre o intimista e o espalhafatoso.
Com uma carreira que já a gabaritava como
veterana no cinema, a relativamente jovem atriz Kirsten Dunst (que ganhou muita
fama como Mary Jane nos filmes do “Homem-Aranha”, de Sam Raimi, e já havia
trabalhado com Sofia em “As Virgens Suicidas”) entregou uma interpretação
engajada e rica em minúcias, bem ao gosto de sua diretora, para a princesa
austríaca, Maria Antonieta, que num casamento arranjado, aos 14 anos, é
arrancada do seu ambiente familiar e arremessada na corte francesa, como esposa
do reticente e infantil rei Louis XVI (Jason Schwartzman) –que, à propósito,
ela mal conhecia!
A narrativa de Sofia Coppola, assim, a
acompanhará dos 14 aos 27 anos, mostrando muito do período em que ela teve de
aprender a lidar com as complicadas exigências sociais e políticas de um posto
de monarca, dando à trajetória de Maria Antonieta uma ótica que a aproxima das
meninas sem perspectiva de “As Virgens Suicidas” e da deslocação e do vazio
existencial experimentado pelos personagens de “Encontros e Desencontros”.
Uma visão que, é bom lembrar, atribui certa
simpatia à ela, o quê contraria bastante a idéia que a França, em geral, faz
dela, sempre lembrando-a com aversão.
Nesse ensejo, Sofia também
cria um painel de afresco da própria realeza do período ao qual essa jovem
rainha pertenceu, retratando-a como um grupo de pessoas sem muito que fazer a
não ser mergulhar no hedonismo e na futilidade, algo possível só pela riqueza e
ostentação da classe em que se encontravam. Elementos da narrativa que Sofia
parece sublimar no que diz respeito à superficialidade, mas que revelam-se
cruciais para os rumos que a trama toma –inclusive em termos históricos.De quebra, ainda tirou, do cotado como favorito "Diabo Veste Prada", o Oscar de Melhor Figurino em 2007.
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