Uma genuína aventura a moda antiga que
homenageia os filmes de piratas e capa & espada tão celebrados na época da
Velha Hollywood.
O início do filme introduz, ainda em tenra
idade, o casalzinho que será o par romântico (e supõe-se, protagonista) do
filme –mas, curiosamente, eles são, mais tarde, deixados de lado em prol do
grande personagem da produção, mas... estou me antecipando.
A jovem Elizabeth Swann, filha do governador de
Porto Royal (breve presença de Jonathan Price), cresce em meio às embarcações
que transitam pelo Caribe, então província da Inglaterra durante o século XIX,
o auge da pirataria.
Numa noite impregnada de mau agouro, o navio de
seu pai resgata um pequeno náufrago do mar, um jovem chamado Will Turner,
portando um medalhão que indica ser ele filho de um pirata. Temendo pela vida
do garoto (piratas eram enforcados sem perdão na época), Elizabeth esconde seu
medalhão de todos.
Os anos passam. Elizabeth torna-se uma linda
mulher (a bela inglesinha Keira Knightley, basicamente revelada neste filme) e
Will Turner (Orlando Bloom, em alta por sua participação na trilogia “O Senhor
dos Anéis”, como Legolas), adotado pelo ferreiro local, torna-se um hábil fabricante
de espadas.
É quando chega a Porto Royal o pirata Jack
Sparrow (Johnny Depp, naquele que é o grande personagem da produção, mencionado
acima) buscando recuperar seu antigo navio tomado anos atrás pelo amotinado
Capitão Barbosa (Geoffrey Rush, um perfeito e divertido contraponto à atuação
de Depp).
Em meio à disputa que se desenha entre esses
dois personagens está o jovem casal de apaixonados (o medalhão que Elizabeth
guardou desde então, e que comprova a origem pirata de Will, é um artefato que
os piratas desejam obter à todo o custo), assim como uma maldição que recaiu
sobre a tripulação e que os transforma em esqueletos à luz do luar –e a única
maneira de quebrar tal maldição está, entre outras coisas, em recuperar o
medalhão.
A partir daí, seguem-se frenéticas e
vertiginosas reviravoltas, proporcionadas em grande parte, pelo espírito
ardilosamente vigarista de Jack Sparrow, além de diversas e sucessivas
situações, por meio das quais o roteiro do filme continuamente aborda
momentos-chaves do gênero pirataria: Devidamente justificadas na trama, haverá
cenas em que os personagens andam na prancha (!); batalhas navais com direito à
tiros de canhão; perseguições à moda antiga onde os personagens exibem dotes
acrobáticos que remetem ao Burt Lancaster de “O Gavião e A Flecha”.
Não obstante essa pulsante
homenagem ao gênero que busca pertencer, este “Piratas do Caribe” –o primeiro
de uma série que até agora rendeu quatro longa-metragens (o quinto está por ser
lançado este mesmo ano!) –se sustenta como filme e como passatempo de fato
graças aos elementos que, por acaso, lhe guardam originalidade. Sendo assim, esta
versão cinematográfica para um conhecido brinquedo dos parques temáticos da
Disneyworld tinha tudo para resultar numa obra superficial e picareta, visto a
natureza do projeto, porém, felizmente, o material caiu nas mãos de uma
competente equipe, como o diretor Gore Verbinski (recém-saído de um
surpreendente sucesso de público, o terror “O Chamado”), o produtor Jerry
Buckenheimer (sempre uma garantia de produção esmerada) e um departamento
inventivo e prodigioso de efeitos visuais (as seqüências em que os piratas se
tornam esqueletos são de uma minúcia e criatividade que há tempos não se via em
produções-pipoca), que juntos transformaram a premissa numa obra
divertidíssima. Entretanto, nada seria o mesmo sem o ator Johnny Depp: Em suas
mãos, o sarcástico e ambíguo protagonista, Capitão Jack Sparrow, ganha uma
interpretação única e inspirada, valorizando por completo, e elevando a um
patamar de requinte o que poderia ter sido um mero divertimento.
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