quinta-feira, 2 de março de 2017

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo

Continuação direta de "O Baú da Morte".
O terceiro filme de “Piratas do Caribe” herdava uma sucessão de exageros que foram escalando no segundo –e que ainda afetam os filmes novos: A cada novo filme, o diretor Gore Verbinski abandonava a atmosfera ligeiramente lúdica do primeiro, em prol de um turbilhão suntuoso e extravagante de efeitos visuais de ponta justificados com insistência pedante no roteiro. Não são elementos ruins, mas apenas aspectos que expõem o quanto uma história sofre ao ser ampliada além de sua necessidade.
O fato do primeiro “Piratas do Caribe” ter sido tão bem sucedido, de sua mistura entre humor, aventura e filme de pirata ter encontrado um filão comercial a ser explorado e, principalmente, do personagem Jack Sparrow ter caído nas graças do público, tornava quase obrigatório a realização de não uma, mas duas continuações (como se pôde constatar).
Os próprios roteiristas, Ted Elliot e Terry Rossio, admitiram que conceberam o primeiro filme para ser uma história fechada, com começo, meio e fim. A idéia de dar continuidade aos arcos narrativos dos personagens, estendê-los e, no processo, buscar aprofundar o que seria possível aprofundar (e tatear assim as bases para uma franquia duradoura de filmes) veio certamente depois, e alguns problemas inerentes a este detalhe chegam neste terceiro filme.
Já se registra certo cansaço na direção de Gore Verbinski (que pegou várias dicas de Peter Jackson, familiarizado com filmagens extensas de filmes gigantescos e interligados narrativamente, vide “O Senhor dos Anéis”), inclusive certo descontrole em suas escolhas que, entre outras coisas, levam este longa metragem a atingir a duração de três horas!
O quê começou como um entretenimento despretensioso e enxuto, foi ganhando características cada vez mais megalomaníacas.
De qualquer forma, ainda há como relevar toda essa gordura e se divertir com a trama que tem início logo após a estranha "morte" de Jack Sparrow (Johnny Depp que pira sozinho durante todo o primeiro terço de filme) ocorrida no clímax do filme anterior.
Will Turner e Elizabeth Swann (Orlando Bloom e Keira Knightley, ambos visivelmente desgastados) precisando resgatá-lo de uma espécie de limbo ao qual foi enviado e, para tanto, vão até Cingapura onde encontrarão o pirata Sao Feng (a requintada e aguardada presença de Chow Yun Fat, infelizmente breve demais), que lhes proporcionará meios de singrar essa viagem, capitaneados pelo ressuscitado capitão Barbosa (Geoffrey Rush, uma sentida ausência no filme anterior e que trava embates divertidíssimos com o personagem de Depp).
Há um motivo especialmente urgente para trazer Jack de volta: Os piratas estão sendo aniquilados pela união das forças do perverso Lord Cuttler Beckett (Tom Hollander, nada interessante) com o monstruoso Davy Jones (Bill Nigh, esse sim, bem legal!). Só a união dos Nove Lordes Piratas terá poder para pará-los, e Jack Sparrow é um deles!
Tantos personagens, tramas e sub-tramas (algumas francamente bastante desinteressantes) com o imperativo de serem encerradas a contendo neste capítulo final da primeira trilogia (pois, outros filmes se seguiram) afetam bastante o ritmo que Gore Verbinski impõe.
Tudo resulta cansativo, embora ainda sim seja um feito notável em vista da catástrofe que poderia ter sido: Pode-se perceber o pesadelo que foi organizar a logística de uma superprodução como esta só tentando acompanhar, como mero expectador leigo, a profusão alucinante e vertiginosa de detalhes que envolvem apenas a apoteótica batalha final, onde dois navios, ocupados pelos protagonistas, se atracam em alto-mar.
Depois deste trabalho, não só Verbinski abandonou a franquia, e outro cineasta entrou em seu lugar –foi Rob Marshall, de “Chicago” e “Memórias de Uma Gueixa” –como também foram aposentados os personagens de Keira Knightley e Orlando Bloom (e eles estavam mesmo ficando insuportáveis!). Os produtores resolveram ficar somente com o quê funcionava: O espírito irresistível e farsesco das aventuras de capa & espada, e o personagem deliciosamente dúbio e debochado de Johnny Depp, o capitão Jack Sparrow.

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