Tão rico é o filme “8 e ½” de Frederico Fellini
que ele acabou inspirando um musical nos palcos teatrais da Broadway. É esse
musical que vem a ser, aqui, por sua vez adaptado para o cinema. “8 e ½” sempre
foi, com freqüência descrito como um filme de drama sobre o drama de se fazer
um filme, ou em termos mais técnicos, metalinguagem.
Guido, celebrado cineasta italiano nos anos 1960
atravessa um bloqueio criativo, enquanto todos ao seu redor iniciam os
preparativos de seu próximo filme, que ele não faz idéia de como realizar.
Enquanto isso, sua vida pessoal está tumultuada, com várias escapadas extraconjugais
que sistematicamente vão magoando sua bela e dedicada esposa, Luisa.
Escolhido para a ingrata tarefa de emular
Fellini, o diretor Rob Marshall inseriu em muitas cenas, números musicais
similares em estilo e técnica ao seu oscarizado "Chicago", e o elenco,
repleto de escolhas luxuosas (sobretudo, suas participações femininas) é um
espetáculo à parte; uma das muitas tentativas do diretor Marshall em encobrir
uma conclusão óbvia: A peça de onde esta produção foi adaptada tinha
graciosidade em sua proposta de “teatro que homenageia o cinema”, mas, migrando
o material para a mesma mídia de sua fonte de inspiração o resultado soa
pedante.
Quem realmente se destaca é
a francesa Marion Cotillard, cativante no papel da esposa do cineasta Guido (em
substituição à Ainouk Aimeé, na obra de Fellini), assim como a sempre ótima
Penélope Cruz, como a amante e a cantora Fergie, uma escalação inusitada, como
a prostituta de uma cena de recordação –com aquelas sobrancelhas desenhas de
contornos enormes que povoam os filmes de Fellini –há ainda Nicole Kidman, no
papel de diva do cinema que antes pertenceu a ninguém menos que Claudia
Cardinale, e o luxo fulgurante e pleno que é a participação de Sofia Loren como a mãe. Em meio à tantas mulheres extraordinárias, Daniel Day Lewis contribui com técnica e propriedade na construção
do protagonista, mas a atuação antológica de Marcello Mastroianni não tinha
como ser igualada.
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