Habitante do imaginário popular desde 1933,
quando o filme clássico de Merian C. Cooper foi lançado, King Kong apareceu em
várias versões na cultura pop além dos três conhecidos longa-metragens para
cinema; até mesmo um encontro com o monstro nipônico Godzilla foi arranjado!
Nessa nova personificação, “Kong-A Ilha da
Caveira”, o macaco gigante surge embalado por uma veia comercial extremamente
atrelada aos tempos de hoje –onde uma franquia só vale a pena comercialmente
quanto tem um “universo compartilhado”.
Por isso, a trama apresenta ligeiras
modificações em relação àquelas dos filmes anteriores. Ainda há –é claro! –uma
assim chamada Ilha da Caveira, onde as mais inacreditáveis monstruosidades se
criaram longe do testemunho humano. Como também ainda há aqueles impelidos por um
desejo quase inconseqüente de ir até lá, e descobrir seus segredos, mesmo que
isso custe toda a vida de uma incauta equipe que irá acompanhá-los. E aqui, tal
personagem ganha vida nas mãos de John Goodman, um estudioso obcecado em
descobrir a Ilha da Caveira (identificada por meio de fotos de satélite), e que
convence, ao lado de outro companheiro (Corey Hawkins) um senador de Washington
(ponta de Richard Jenkins) a financiar uma expedição à ilha antes dos russos
(eram anos 1970, e vivia-se a realidade da Guerra Fria). Ele é só o primeiro de
muitos que virão.
Finda a Guerra do Vietnam, a esquadrilha de
soldados e helicópteros chefiados pelo Coronel Packard (Samuel L. Jackson, o
Nick Fury de “Os Vingadores”, da Marvel Studios) recebe assim a missão de
escoltar os cientistas até o longínquo lugar –a conversão gradual e nada sutil
do personagem de Jackson num estereótipo de militar intempestivo, irredutível e
explosivo é infelizmente dos pontos baixos do filme.
Além deles, está também o mercenário e
aventureiro de aluguel Conrad (Tom Hiddleston, o Loki de “Thor”, da Marvel
Studios) e a fotógrafa de guerra Mason Weaver (Brie Larson, protagonista do
ainda vindouro filme da “Capitã Marvel”, da Marvel Studios).
Na ilha, além dos perigos eventuais e da
portentosa presença de King Kong (vivido, na captura de performance, pelo ator
Toby Kebbel), eles encontram também um piloto perdido da época da Segunda
Guerra Mundial, Marlow (John C. Reilly que foi coadjuvante em “Guardiões da
Galáxia”, da Marvel Studios).
E, como se pode notar pelos créditos do elenco,
se há um molde pelo qual esta produção se baseia, ele está menos no clássico “King
Kong” de Merian C. Cooper e Ernest Schoedsack e mais nos bem-sucedidos filmes
da Marvel que compartilham o mesmo universo entre si. Este filme também trás
uma vibração assim: E isso se percebe na presença da subdivisão Monarch –também
ela presente em “Godzilla”, de Gareth Edwards –mostrado aqui como um
departamento ainda embrionário, capitaneado por Randa (o personagem de Goodman)
e que é uma boa dica do que ainda virá. Se mesmo assim o público não se
convencer, certamente a cena pós-créditos (tal como faz a Marvel Studios) o
fará: Pois eis que agora é Hollywood, com seus efeitos especiais
grandiloquentes e megalomaníacos, quem quer, afinal, reeditar o encontro de
Kong com Godzilla e outros gigantescos monstros ilustres do passado!
Até lá, no entanto, é possível
se entreter, e muito bem, com o regozijo cinematográfico que o diretor Jordan
Vogt-Roberts consegue extrair de todas as cenas, desde que se releve um
ocasional exagero na sinergia de algumas seqüências e na pressa do andamento –fruto,
entre outras coisas, de um roteiro que ao mesmo tempo em que apresenta dezenas
de personagens, exige ritmo em sua condução.
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