quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Kong - A Ilha da Caveira

Habitante do imaginário popular desde 1933, quando o filme clássico de Merian C. Cooper foi lançado, King Kong apareceu em várias versões na cultura pop além dos três conhecidos longa-metragens para cinema; até mesmo um encontro com o monstro nipônico Godzilla foi arranjado!
Nessa nova personificação, “Kong-A Ilha da Caveira”, o macaco gigante surge embalado por uma veia comercial extremamente atrelada aos tempos de hoje –onde uma franquia só vale a pena comercialmente quanto tem um “universo compartilhado”.
Por isso, a trama apresenta ligeiras modificações em relação àquelas dos filmes anteriores. Ainda há –é claro! –uma assim chamada Ilha da Caveira, onde as mais inacreditáveis monstruosidades se criaram longe do testemunho humano. Como também ainda há aqueles impelidos por um desejo quase inconseqüente de ir até lá, e descobrir seus segredos, mesmo que isso custe toda a vida de uma incauta equipe que irá acompanhá-los. E aqui, tal personagem ganha vida nas mãos de John Goodman, um estudioso obcecado em descobrir a Ilha da Caveira (identificada por meio de fotos de satélite), e que convence, ao lado de outro companheiro (Corey Hawkins) um senador de Washington (ponta de Richard Jenkins) a financiar uma expedição à ilha antes dos russos (eram anos 1970, e vivia-se a realidade da Guerra Fria). Ele é só o primeiro de muitos que virão.
Finda a Guerra do Vietnam, a esquadrilha de soldados e helicópteros chefiados pelo Coronel Packard (Samuel L. Jackson, o Nick Fury de “Os Vingadores”, da Marvel Studios) recebe assim a missão de escoltar os cientistas até o longínquo lugar –a conversão gradual e nada sutil do personagem de Jackson num estereótipo de militar intempestivo, irredutível e explosivo é infelizmente dos pontos baixos do filme.
Além deles, está também o mercenário e aventureiro de aluguel Conrad (Tom Hiddleston, o Loki de “Thor”, da Marvel Studios) e a fotógrafa de guerra Mason Weaver (Brie Larson, protagonista do ainda vindouro filme da “Capitã Marvel”, da Marvel Studios).
Na ilha, além dos perigos eventuais e da portentosa presença de King Kong (vivido, na captura de performance, pelo ator Toby Kebbel), eles encontram também um piloto perdido da época da Segunda Guerra Mundial, Marlow (John C. Reilly que foi coadjuvante em “Guardiões da Galáxia”, da Marvel Studios).
E, como se pode notar pelos créditos do elenco, se há um molde pelo qual esta produção se baseia, ele está menos no clássico “King Kong” de Merian C. Cooper e Ernest Schoedsack e mais nos bem-sucedidos filmes da Marvel que compartilham o mesmo universo entre si. Este filme também trás uma vibração assim: E isso se percebe na presença da subdivisão Monarch –também ela presente em “Godzilla”, de Gareth Edwards –mostrado aqui como um departamento ainda embrionário, capitaneado por Randa (o personagem de Goodman) e que é uma boa dica do que ainda virá. Se mesmo assim o público não se convencer, certamente a cena pós-créditos (tal como faz a Marvel Studios) o fará: Pois eis que agora é Hollywood, com seus efeitos especiais grandiloquentes e megalomaníacos, quem quer, afinal, reeditar o encontro de Kong com Godzilla e outros gigantescos monstros ilustres do passado!
Até lá, no entanto, é possível se entreter, e muito bem, com o regozijo cinematográfico que o diretor Jordan Vogt-Roberts consegue extrair de todas as cenas, desde que se releve um ocasional exagero na sinergia de algumas seqüências e na pressa do andamento –fruto, entre outras coisas, de um roteiro que ao mesmo tempo em que apresenta dezenas de personagens, exige ritmo em sua condução.

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