sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Planeta dos Macacos - O Confronto

Se formos levar em conta os demais filmes da franquia “Planeta dos Macacos” –as continuações menos prestigiadas do clássico com Charlton Heston –podemos perceber que “Planeta dos Macacos-A Origem” era uma reinvenção de “A Conquista do Planeta dos Macacos”, de 1972, seguindo uma linha mais factual, mais austera e mais plausível do que aquela mirabolante premissa de viagem no tempo.
E o filme cumpriu brilhantemente seu papel no sentido de preencher as lacunas acerca do mundo que o personagem astronauta de Charlton Heston encontrou quando regressou à Terra. Todavia, o filme não foi ávido, ilustrando com propriedade o início da ascensão dos símios em paralelo à derrocada da humanidade, deixando mais questões para sempre utilizadas em filmes posteriores.
Dessa forma, quando a história é retomada nesta continuação, dez anos já se passaram. Longe da civilização humana e de qualquer contato com os humanos, os macacos liderados por César (Andy Serkis que, mais uma vez, empresta ao personagem virtual emoção e presença únicas) agora vivem numa comunidade pacífica e tranqüila.
Os sobreviventes da raça humana que não sucumbiram ante o vírus (que, ao mesmo tempo, torna os macacos mais inteligentes) vivem num grupo polarizado entre duas lideranças distintas: De um lado, há Malcolm (Jason Clarke), um homem benevolente e sábio; do outro, Dreyfus (Gary Oldman), um beligerante e desconfiado cortejador da guerra.
Quando uma sucessão de circunstâncias leva a comunidade de César a encontrar os sobreviventes humanos, os dois grupos pouco a pouco começam a estabelecer uma aliança. Mas, se nem todos entre os humanos são confiáveis, nem tampouco eles são entre os macacos: Koba (personificado por Toby Kebbel), um dos conselheiros de César deseja a todo o custo uma guerra contra os humanos, e para isso parece disposto a sacrificar a própria paz que César tanto busca preservar.
O diretor deste segundo filme, Matt Reeves (ele dirigiu “Cloverfield-Monstro” e “Deixe-Me Entrar”, a refilmagem norte-americana de “Deixe Ela Entrar”), assumiu o posto com a desistência de Rupert Wyatt, realizador do filme anterior, sob a alegação de que não havia um roteiro hábil pronto para o início do projeto.
Reeves assumiu o filme com ares de diretor contratado, mas tratou de honrar todos os elementos funcionais do filme anterior: Sua premissa –um estopim narrativo para o grande embate entre macacos e humanos –recupera Koba, um interessante personagem usado com brevidade em “Planeta dos Macacos-A Origem”, mas que aqui ganha importância antagônica na trama e acaba responsável pelas ações que deflagram o terceiro ato deste filme e boa parte do que se verá na próxima produção.
Este é, portanto, não um filme de guerra, mas um filme sobre os gatilhos emocionais e morais que conduzem a guerra –como já era o clássico de 1968 que originou tudo isso, este novo “Planeta dos Macacos” é uma bela e inteligente alegoria acerca das razões (ou absoluta inexistência delas) das quais os homens se valem para a justificativa de seus conflitos.
O trabalho de Wyatt era mais fluido e convicto que o de Reeves em comparação, porém, o grande apelo do filme –o fato de que o magnífico César, que dividia de certa forma o protagonismo com James Franco no filme anterior, é aqui, indiscutivelmente o personagem central e principal –é mantido, enaltecido e ressaltado com o emprego de magistrais efeitos especiais.

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