Se formos levar em conta os demais filmes da
franquia “Planeta dos Macacos” –as continuações menos prestigiadas do clássico
com Charlton Heston –podemos perceber que “Planeta dos Macacos-A Origem” era
uma reinvenção de “A Conquista do Planeta dos Macacos”, de 1972, seguindo uma
linha mais factual, mais austera e mais plausível do que aquela mirabolante
premissa de viagem no tempo.
E o filme cumpriu brilhantemente seu papel no
sentido de preencher as lacunas acerca do mundo que o personagem astronauta de
Charlton Heston encontrou quando regressou à Terra. Todavia, o filme não foi ávido,
ilustrando com propriedade o início da ascensão dos símios em paralelo à
derrocada da humanidade, deixando mais questões para sempre utilizadas em
filmes posteriores.
Dessa forma, quando a história é retomada nesta
continuação, dez anos já se passaram. Longe da civilização humana e de qualquer
contato com os humanos, os macacos liderados por César (Andy Serkis que, mais
uma vez, empresta ao personagem virtual emoção e presença únicas) agora vivem numa
comunidade pacífica e tranqüila.
Os sobreviventes da raça humana que não
sucumbiram ante o vírus (que, ao mesmo tempo, torna os macacos mais
inteligentes) vivem num grupo polarizado entre duas lideranças distintas: De um
lado, há Malcolm (Jason Clarke), um homem benevolente e sábio; do outro,
Dreyfus (Gary Oldman), um beligerante e desconfiado cortejador da guerra.
Quando uma sucessão de circunstâncias leva a
comunidade de César a encontrar os sobreviventes humanos, os dois grupos pouco
a pouco começam a estabelecer uma aliança. Mas, se nem todos entre os humanos
são confiáveis, nem tampouco eles são entre os macacos: Koba (personificado por
Toby Kebbel), um dos conselheiros de César deseja a todo o custo uma guerra
contra os humanos, e para isso parece disposto a sacrificar a própria paz que
César tanto busca preservar.
O diretor deste segundo filme, Matt Reeves (ele
dirigiu “Cloverfield-Monstro” e “Deixe-Me Entrar”, a refilmagem norte-americana
de “Deixe Ela Entrar”), assumiu o posto com a desistência de Rupert Wyatt,
realizador do filme anterior, sob a alegação de que não havia um roteiro hábil
pronto para o início do projeto.
Reeves assumiu o filme com ares de diretor
contratado, mas tratou de honrar todos os elementos funcionais do filme
anterior: Sua premissa –um estopim narrativo para o grande embate entre macacos
e humanos –recupera Koba, um interessante personagem usado com brevidade em “Planeta
dos Macacos-A Origem”, mas que aqui ganha importância antagônica na trama e
acaba responsável pelas ações que deflagram o terceiro ato deste filme e boa
parte do que se verá na próxima produção.
Este é, portanto, não um filme de guerra, mas
um filme sobre os gatilhos emocionais e morais que conduzem a guerra –como já
era o clássico de 1968 que originou tudo isso, este novo “Planeta dos Macacos” é
uma bela e inteligente alegoria acerca das razões (ou absoluta inexistência
delas) das quais os homens se valem para a justificativa de seus conflitos.
O trabalho de Wyatt era mais
fluido e convicto que o de Reeves em comparação, porém, o grande apelo do filme
–o fato de que o magnífico César, que dividia de certa forma o protagonismo com
James Franco no filme anterior, é aqui, indiscutivelmente o personagem central
e principal –é mantido, enaltecido e ressaltado com o emprego de magistrais
efeitos especiais.
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