Após uma carreira de inquestionável sucesso
como um dos maiores astros de Hollywood, Tom Cruise enveredou pela carreira de
produtor –e nessa, até hoje continua meio claudicante –seu projeto de estréia,
cuidadosamente bem escolhido, foi esta bela e vistosa adaptação cinematográfica
da famosa série de TV.
Cruise cercou-se de expressivos (e ostensivos)
realizadores para incrementar a produção: O diretor Brian De Palma (naquele que
deve ser seu trabalho menos autoral), o lendário e oscarizado roteirista Robert
Towne (de “Chinatown") –além de vários outros que trabalharam nas versões
anteriores do roteiro como Steven Zaillian e David Koepp –e, no elenco, é
obvio, Tom Cruise reservou para si mesmo o papel principal, o do agente Ethan
Hunt que, a medida que a narrativa segue torna-se de fato o centro da trama, em
detrimento de Jim Phelps, verdadeiro oriundo da série (e interpretado por Jon
Voight, outra escolha ostensiva).
Outras participações: A linda francesa
Emmanuelle Beart (cuja pouca sintonia com Cruise em cena deu à sua personagem
um rumo que evidentemente não estava planejado no roteiro), a inglesa Kristin
Scott-Thomas (antes do reconhecimento por “O Paciente Inglês”), o francês Jean
Reno, e os chapas de Cruise, Emilio Estevez e Ving Rhames (no único personagem
além de Cruise que persiste em todos os filmes). Além das breves e requintadas
aparições de Vanessa Redgrave e Henry Czerny.
A história já ensaia uma reformulação do
conceito da série, deixando bem claro os novos caminhos almejados pela nova
versão: Recrutados pelo veterano Jim Phelps (Voight), um grupo de agentes
peritos em infiltração do credenciado departamento "missão impossível",
entre os quais o agente de campo Ethan Hunt (Cruise), cai no que parece ser uma
cilada, e tornam-se todos (os que não morreram, pelo menos) fugitivos caçados
pelo Serviço Secreto, por traição –nessa primeira pretensa reviravolta do
roteiro, a metade dos atores mencionados acima são já descartados.
Cabe ao próprio Ethan assim reunir um novo
time, capaz de descobrir a complexa conspiração de que foram vítimas e revelar
a identidade dos verdadeiros culpados –e como todo o roteiro escrito e
reescrito por várias mãos (especialmente pertencentes a contadores melindrosos
de histórias rocambolescas), “Missão Impossível” tem uma premissa complicada
que se ramifica em várias situações que exigem atenção do expectador. Nos
filmes posteriores, essa tendência foi se suavizando em prol de obras de ação
mais acessíveis.
O diretor Brian De Palma
confere ao filme um charmoso e sofisticado ar de thriller de espionagem
europeu, graças inclusive ao seu elenco internacional, e embora obtenha um
resultado plenamente satisfatório, fica muito aquém da qualidade intrínseca e
sólida de “O Fugitivo”, lançado poucos anos antes, também ele adaptado de uma
famosa série de TV e nitidamente a base referencial pela qual este trabalho se
inspira: A condução de Brian De Palma, por incrível que possa parecer, lembra
mais a do diretor Andrew Davis (realizador daquele filme) do que a sua própria.
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