Vindo de ótimas realizações em sua Austrália
natal –entre as quais o brilhante drama de guerra “Breaker Morant” –o diretor
Bruce Beresford estreou no cinema norte-americano com o árido drama “A Força do
Carinho”, com Robert Duvall (para alguns seu melhor trabalho), entretanto,
obteve aclamação de fato por seu projeto seguinte: A combinação primorosa de
comédia agridoce e drama outonal chamada “Conduzindo Miss Daisy”.
Década de 1950. Após um incidente doméstico
onde colidiu com o carro na cerca da casa, a sexagenária Miss Daisy, uma senhora
viúva da Louisiana (Jessica Tandy) é obrigada a aceitar os serviços de um
chofer contratado pelo filho (o comediante Dan Akroyd, saindo-se
maravilhosamente bem num papel sério e dramático).
Chamado Hoke, o motorista (Morgan Freeman) é
negro, e ela, como era de se esperar, mostra-se arredia a ele no início,
recusando-se a andar de carro e valer-se de seus serviços –enxergando nele as
razões que a invalidam para atividades que antes podia fazer naturalmente como
dirigir.
Entretanto, o tempo permite a derrubada gradual
de barreiras de implicância, o que leva Hoke e Miss Daisy a criarem uma relação
de amizade que se estenderá por mais de vinte anos, e atravessará as muitas
transformações sociais vividas pelos EUA.
Beneficiando-se da concepção regida por um
cineasta fora dos Estados Unidos (e, por isso mesmo, despido de propensões
condicionadas ao sentimentalismo redundante), este belo e sensível panorama da
América é menos um filme sobre o racismo (embora também o seja) e mais um filme
sobre os efeitos irremediáveis do tempo sobre todos nós.
Jessica Tandy, encantadora
aos seus 89 anos, recebeu um merecidíssimo Oscar de Melhor Atriz, mas ela está
magnificamente acompanhada de Morgan Freeman (que foi indicado ao Oscar de
Melhor Ator).
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