quarta-feira, 30 de maio de 2018

A Menina e O Porquinho


Na década de 2000, uma adaptação em live-action do livro infantil de E.B. White (antes adaptado numa cultuada, porém ultrapassada animação nos anos 1980) fazia sentido por duas razões específicas: Na primeira, para aproveitar a mescla entre a história cativante e edificante e os notáveis efeitos visuais que conferiam expressão aos animais (fórmula que levou “Babe-O Porquinho Atrapalhado” a se tornar um fenômeno de público e crítica na década anterior); e na segunda, para realizar um veículo genuíno e válido para a mais assídua estrela-mirim de Hollywood naquele período, Dakota Fanning –hoje, talvez o público até reconheça melhor a irmã mais nova dela, a bela Elle Fanning.
Na história descobrimos que a menina Fern (Dakota, cuja personagem ganha um peso maior nesta versão justamente para enfatizar sua presença) salva o filhotinho de porco Wilbur de ser sacrificado: Ele é o mais raquítico de uma ninhada.
Fern se compromete de cuidar e tratar dele, mas quando as aulas se iniciam precisa deixá-lo no celeiro junto dos outros animais. É quando a história clássica, como ela é conhecida, começa de fato: Wilbur faz amizade com todos –entre os quais, o filme ostenta um elenco estelar de vozes famosas como Steve Buscemi, Robert Redford, Oprah Winfrey, Kathy Bates e John Cleese –e compartilha seu temor de virar presunto; sendo um ‘porco da primavera’, como todos falam, ele provavelmente não chegará vivo para ver a neve do inverno.
Entre esses animais uma em especial será essencial para o sucesso na jornada de Wilbur: A aranha Charlotte (para quem a voz de Julia Roberts empresta tocante sensibilidade) que dedica-se assim a construir uma teia na qual escreve palavras específicas (“Um porco e tanto”, “Brilhante”, “Humilde”, e assim por diante) para definir Wilbur. Tal acontecimento é recebido com assombro pela população, mas como ocorre com toda notícia, seu efeito passa com a lembrança, e Charlotte precisa elaborar um novo plano para que os humanos valorizem Wilbur o suficiente a ponto de não considerá-lo para o abate.
Uma mensagem positiva e válida para o público a que se propõe –o infantil –cujo desfecho contém uma imprevista manobra de tristeza que eleva suas ingênuas considerações existenciais e torna este filme razoável e gracioso um pouquinho mais memorável.

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