sexta-feira, 22 de junho de 2018

Cruzada


Embora seja encarado, na opulenta filmografia do diretor Ridley Scott, como uma obra menor, o épico “Cruzada” é um belo exemplo das amplas capacidades dele como realizador; é, também, um exemplo de como se construir um épico de maneira satisfatória: Sua narrativa é tensa, intensa, romântica, grandiosa, lírica e violenta. E razoavelmente pontuada por referências históricas pertinentes.
Seguindo o mesmo procedimento criativo adotado por ele e por seus roteiristas ao criar “Gladiador”, Scott se detêm sobre um momento notável da História Antiga –neste caso, a transição entre a segunda e a terceira Cruzada de Jerusalém –criando um roteiro hábil em pairar sobre os eventos fundamentais daquele momento, centralizando tudo isso em torno de um protagonista fictício –talvez, o único personagem que não é real na trama.
Esse personagem vem a ser Ballian de Ibelin (papel que Orlando Bloom agarra com unhas e dentes a fim de se livrar da imagem de Legolas em “O Senhor dos Anéis”), viúvo e renegado ferreiro francês na aldeia em que vive devido ao suicídio da esposa.
Ballian junta-se ao grupo de cavaleiros templários de seu recém-conhecido pai (Liam Neeson) que o conduz até Jerusalém, então um pólo de interesses religiosos e intrigas palacianas por conta da tomada dos árabes, o que pode ser breve, pois Saladino (o ótimo Ghassan Massoud), o líder militar dos muçulmanos espia a frágil trégua mantida a duras penas pelo leproso rei de Israel (Edward Norton, irreconhecível atrás de bandagens e maquiagem).
O possível sucessor do rei, Guy de Lousigniam (Marton Csokas), é um homem selvagem e hostil que anseia por uma guerra contra os muçulmanos. É essa oportunidade que Saladino espera para arremessar suas tropas sobre a cidade e retomar Jerusalém. Nessa cruzada, o papel de Ballian poderá ser fundamental.
Ainda que ocupe um ingrato lugar intermediário e transitório na filmografia de Ridley Scott (não atinge o auge qualitativo e artístico que ele demonstrou, em mais que uma vez, que é plenamente capaz de alcançar; mas, está longe de ser uma de suas obras inferiores), “Cruzada” é um épico belíssimo com magníficas e bem realizadas cenas de batalha, além de um notável e variado elenco; acima de tudo, uma demonstração da técnica sólida e admirável de um especialista no gênero.

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