Lançado em 2010, este filme pode ser visto como
uma contra-parte inglesa de “Histórias Cruzadas”, lançado em 2012. Em comum,
ambos têm protagonistas femininas tão maravilhosas quanto cativantes, centrais
em um trama que, embora tratada com leveza e emoção, trata de desafios muito
reais contra injustiças tremendamente revoltantes.
De sua parte, “Revolução Em Dagenham” até vem
brindado com a excelência habitual do impecável elenco inglês –onde, vez ou
outra, identificamos um figurante da Saga “Harry Potter” –embora, “Histórias
Cruzadas” tivesse reunido um elenco feminino estelar e talentoso que
pouquíssimas produções em todo o cinema tiveram sorte em fazê-lo. Também o
diretor de “Histórias Cruzadas”, Tate Taylor, demonstra habilidade e empolgação
com o material que dirige em níveis raros à obras comerciais, aqui, o diretor
Nigel Cole (de “Garotas do Calendário”) tem empenho evidente embora seja
evidente também ocasionais escorregadelas de ritmo e tom, bastante comuns em
produções de escopo um pouco mais amplo.
A intenção inicial parecia ser conceber uma
narrativa que girasse em torno de três distintas protagonistas. São elas: Rita
(Sally Hawkis), que aos poucos assume a iniciativa de um protesto sem
precedentes, onde ela e suas colegas realizam uma greve de funcionárias em
plena década de 1960, pelo direito de ganharem salários iguais aos homens.
Lisa (Rosamund Pike), a ex-universitária
inteligente, linda, porém frustrada, casada com um dos executivos ingleses da
subsidiária da Ford –a empresa da qual as grevistas exigem seus direitos –na
Inglaterra.
E Barbara Castle (Miranda Richardson), a
Ministra do Emprego no Parlamento Inglês e membro do Partido Trabalhista,
dividida entre a lealdade real e válida às proletariadas e as pressões,
abastecidas de politicagem e interesses econômicos, de seus superiores.
Entretanto, não demora nada para que a narrativa
vá relegando Lisa e Barbara à presenças coadjuvantes na trama e acabe
centralizando Rita; em parte, porque Sally Hawkins é genial, em parte, porque é
impossível, ao roteiro e à direção, negar a importância e a atenção que as
personagens das costureiras grevistas merecem.
E esse zelo é o grande mérito desta realização:
A forma profundamente respeitosa, rica em meandros humanos que unem um sutil humor
a um bem administrado drama (algo no qual os ingleses são hábeis) com a qual
eles relatam o envolvimento de Rita na questão; primeiro, ela participa de uma
reunião até corriqueira, ao lado do amigável sindicalista Albert (a quem o
grande Bob Hoskin empresta toda sua autoridade e simpatia), onde estavam em
discussão a qualificação das funcionárias (o quê elas tinham) e a postura da
empresa diante disso (qual que queriam ignorar), durante essa reuniaão,
contudo, Rita sai decidida por uma paralisação de 24 horas, que depois, diante
do descaso de seus empregadores se converte numa greve de duração indefinida
que, dia após dia, vai paralisando também os demais setores da produção de
carros: A mulheres costuravam os estofados nos bancos, sem bancos nos estoques
os carros não ficavam prontos e assim, sistematicamente, todos os setores da
fabricação eram obrigados a interromper as atividades.
“Revolução Em Dagenham” é um bom filme.
Agradável, flúido, bem interpretado e curiosamente esforçado em não ser
contundente demais na direção errada –uma espécie de ‘entretenimento família’;
embora pareça ser essa concessão que impede este relato de uma imprescindível e
relevante história real de ser memorável de fato.
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