segunda-feira, 25 de junho de 2018

Revolução Em Dagenham


Lançado em 2010, este filme pode ser visto como uma contra-parte inglesa de “Histórias Cruzadas”, lançado em 2012. Em comum, ambos têm protagonistas femininas tão maravilhosas quanto cativantes, centrais em um trama que, embora tratada com leveza e emoção, trata de desafios muito reais contra injustiças tremendamente revoltantes.
De sua parte, “Revolução Em Dagenham” até vem brindado com a excelência habitual do impecável elenco inglês –onde, vez ou outra, identificamos um figurante da Saga “Harry Potter” –embora, “Histórias Cruzadas” tivesse reunido um elenco feminino estelar e talentoso que pouquíssimas produções em todo o cinema tiveram sorte em fazê-lo. Também o diretor de “Histórias Cruzadas”, Tate Taylor, demonstra habilidade e empolgação com o material que dirige em níveis raros à obras comerciais, aqui, o diretor Nigel Cole (de “Garotas do Calendário”) tem empenho evidente embora seja evidente também ocasionais escorregadelas de ritmo e tom, bastante comuns em produções de escopo um pouco mais amplo.
A intenção inicial parecia ser conceber uma narrativa que girasse em torno de três distintas protagonistas. São elas: Rita (Sally Hawkis), que aos poucos assume a iniciativa de um protesto sem precedentes, onde ela e suas colegas realizam uma greve de funcionárias em plena década de 1960, pelo direito de ganharem salários iguais aos homens.
Lisa (Rosamund Pike), a ex-universitária inteligente, linda, porém frustrada, casada com um dos executivos ingleses da subsidiária da Ford –a empresa da qual as grevistas exigem seus direitos –na Inglaterra.
E Barbara Castle (Miranda Richardson), a Ministra do Emprego no Parlamento Inglês e membro do Partido Trabalhista, dividida entre a lealdade real e válida às proletariadas e as pressões, abastecidas de politicagem e interesses econômicos, de seus superiores.
Entretanto, não demora nada para que a narrativa vá relegando Lisa e Barbara à presenças coadjuvantes na trama e acabe centralizando Rita; em parte, porque Sally Hawkins é genial, em parte, porque é impossível, ao roteiro e à direção, negar a importância e a atenção que as personagens das costureiras grevistas merecem.
E esse zelo é o grande mérito desta realização: A forma profundamente respeitosa, rica em meandros humanos que unem um sutil humor a um bem administrado drama (algo no qual os ingleses são hábeis) com a qual eles relatam o envolvimento de Rita na questão; primeiro, ela participa de uma reunião até corriqueira, ao lado do amigável sindicalista Albert (a quem o grande Bob Hoskin empresta toda sua autoridade e simpatia), onde estavam em discussão a qualificação das funcionárias (o quê elas tinham) e a postura da empresa diante disso (qual que queriam ignorar), durante essa reuniaão, contudo, Rita sai decidida por uma paralisação de 24 horas, que depois, diante do descaso de seus empregadores se converte numa greve de duração indefinida que, dia após dia, vai paralisando também os demais setores da produção de carros: A mulheres costuravam os estofados nos bancos, sem bancos nos estoques os carros não ficavam prontos e assim, sistematicamente, todos os setores da fabricação eram obrigados a interromper as atividades.
“Revolução Em Dagenham” é um bom filme. Agradável, flúido, bem interpretado e curiosamente esforçado em não ser contundente demais na direção errada –uma espécie de ‘entretenimento família’; embora pareça ser essa concessão que impede este relato de uma imprescindível e relevante história real de ser memorável de fato.

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