quarta-feira, 13 de junho de 2018

Syriana - A Indústria do Petróleo


Como em “Traffic” –o filme pelo qual venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado –a estréia como diretor de Stephen Gaghan, “Syriana”, é uma trama que amplifica seu tema central por meio de três linhas narrativas fragmentadas que se ramificam e se complementam ao longo do filme.
De um lado, temos o agente da CIA Bob Barnes (George Clooney, ganhador do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, mas certamente o personagem principal do filme) cuja experiência em lidar com os meandros complexos das negociações armamentistas travadas entre células terroristas conquistou o milagre de mantê-lo vivo esses anos todos; ironicamente, sua derrocada parece vir de dentro da própria CIA quando seus superiores começam a mover um plano para torná-lo bode expiatório numa circunstância que tornou-se desfavorável.
De outro lado, acompanhamos o conselheiro financeiro norte-americano Bryan Woodman (Matt Damon), residente em Genebra, que após uma tragédia familiar consegue uma inesperada proximidade com um príncipe saudita disposto e usar de sua fortuna para melhorar as condições de vida no Oriente Médio.
A terceira trama segue o advogado Bennett Holiday (Jeffrey Wright) representante menor de uma indústria norte-americana de extração petrolífera –e cuja influência tentacular de seus diretores atinge as condições sócio-políticas dos moradores do Irã –sobre quem paira a responsabilidade de viabilizar uma autorização de extração de petróleo cercada por complicações legais que, não raro, esbarram em infrações consideráveis à lei.
Como era de se esperar neste trabalho, Gaghan honra seu passado de roteirista e executa magnificamente bem as amarras de seus núcleos dando solidez à uma trama fácil de se perder, mas ele ainda acrescenta uma direção austera e convicta (herança, talvez, de seu convívio com Steve Sodenbergh) com a qual consegue tornar minimamente palatável esta incisiva (e dada sua postura, surpreendente) crítica às extensões nocivas exercidas pelo governo norte-americano nas mazelas dos países do Oriente Médio.
Seu trabalho une a contundência e a certeza de realismo de um documentário à predisposição dramática e flexibilidade narrativa de uma ficção –o melhor de dois mundos.

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