terça-feira, 3 de julho de 2018

Guerreiro


Neste admirável trabalho do diretor Gavin O' Connor (talvez, sua melhor realização) nunca fica determinado de fato os motivos que levaram a família dos dois irmãos Tommy (Tom Hardy) e Brendan (Joel Edgerton) ao afastamento: Em meio às ocasionais e pesarosas reaproximações que se esboçam fica implícito como agravante para isso, quando muito, o alcoolismo do pai (Nick Nolte). Há anos separados e sem se verem, Tommy e Brendan afinal se reencontram, quando o primeiro regressa de uma atribulada experiência como combatente no Oriente Médio e o segundo, que trabalha como professor, enfrenta um duro desafio familiar: Ambos estão, cada um por seu motivo particular numa disputa pelo prêmio da final de um torneio de MMA (aptidão que ambos dominam graças à influência paterna); e os rumos dramáticos tomados pelo filme não deixam dúvidas de que disputarão um contra o outro.
O tema do filme, assim talvez, careça de sutileza e originalidade, contudo, o diretor O’ Connor compensa essa obviedade com uma construção exemplar da dramaturgia, além de um requinte insuspeito na forma com que a violência e a brutalidade, quando precisam ser mostradas, revelam-se registradas magnificamente.
Nesse sentido –no do grande filme que ele consegue ser –é no elenco que seus maiores superlativos aparecem: O veterano Nick Nolte surge com uma de suas mais emocionantes atuações nos últimos anos no papel do alcoólatra assombrado pela culpa e pelo vício –grande cena é aquela em que ele recita “Moby Dick”! Joe Edgerton oferece uma belíssima interpretação com a qual conquista de pronto o público no papel do pai de família que, por necessidade, regressa às lutas de vale-tudo, mesmo que sob a condição de perder a própria vida. Mas, é no papel e na atuação de Tom Hardy que repousam os méritos mais singulares de todo o filme; um ator capaz de fazer jus ao interesse que desperta e um personagem que, a despeito do comportamento impassível e implacável, conduz o expectador com intensidade e desenvoltura à luta final, uma das mais arrebatadoras e comoventes seqüências do cinema esportivo.

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