O primeiro “Se Beber Não Case” ao mesmo tempo
que era ótimo –e essa qualidade rendeu gorda bilheteria, sucesso de crítica e o
Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia em 2009 –também se bastava em si mesmo
tendo começo, meio e fim bem definidos.
Todavia, era questão de tempo que tanto êxito
se traduzisse num novo filme.
Aguardado com expectativa pelos fãs numerosos
arrebanhados pelo ótimo primeiro filme, a continuação foi lançada em 2011,
debaixo de pelo menos uma polêmica bastante tola: A tatuagem em um dos
personagens que reproduzia em caráter de homenagem a mesma tatuagem de Mike
Tyson (a mais falada participação especial do primeiro filme), o que não
impediu o tatuador Victor Whitmill de tentar processar os produtores do filme
–as cópias em homevideo tiveram que ter seu lançamento atrasado em meses para
que, segundo instrução dos advogados de Whitmill, a referência à tal tatuagem
fosse digitalmente removida.
Contudo, vamos falar do filme em si.
Desta vez, não mais em Las Vegas, mas, na
Tailândia, acompanhamos o casamento não de Doug (Justin Bartha que, ao
contrário do que se esperava, não tem sua participação aumentada no filme, e
permanece alheio aos acontecimentos) e sim de Stu (Ed Helms) que (também ao
contrário do que se esperava) não vai se casar com a personagem de Heather
Graham do filme anterior, mas sim com uma mocinha de descendência tailandesa (a
bonitinha Jamie Chung, de “Sucker Punch” e “Sin City-A Dama Fatal”).
Como era de se imaginar, a cerimônia terá a
presença do grande amigo Phil (Bradley Cooper, aquele que melhor soube
administrar a carreira após do sucesso do primeiro filme) e do
inacreditavelmente lesado Alan (Zach Galifianakis) que, após os acontecimentos
do filme original, se vê ligeiramente ressentido pelo afastamento do “bando de
lobos”.
A nova reunião representa a oportunidade para
mais uma festa de arromba durante a despedida de solteiro de Stu, entretanto,
na manhã seguinte, mais uma vez, uma presepada os aguarda: Sem lembrança das
confusões da noite anterior –veja só... –eles se deparam com fato de que agora
o irmão da noiva (e futuro cunhado de Stu) desapareceu (!), e precisam reunir
indícios de tudo que aprontaram na noite anterior para descobrir onde ele está
antes do prazo-limite do casamento.
Como se pode perceber, o filme em si pode não
ser visto como uma continuação apenas, mas sim como uma reprodução do filme
original, com alterações pontuais –mas, que não são contundentes o suficiente
para que qualquer um não perceba a semelhança gritante na trama dos dois.
E como o frescor sempre possui um sabor melhor
do que o requentado, é óbvio que o primeiro filme é infinitamente superior a
este!
Se o segundo filme foi consequência do sucesso
do primeiro, então pode-se perfeitamente afirmar que o terceiro filme foi, por
sua vez, uma consequência das críticas mais comuns dirigidas à continuação
–afirmando ser ela (não sem uma certa razão) uma mera refilmagem da história do
original.
Com efeito, “Se Beber Não case 3” vai buscar
material numa trama que se afasta de acontecimentos similares aos outros dois
filmes.
O imaturo Alan envolve-se num inacreditável
acidente envolvendo uma girafa –uma cena que mostra a dificuldade considerável
encontrada pelos realizadores em fazer rir de fato neste terceiro filme –o que
culmina numa sucessão de infortúnios que levam seus amigos, o chamado “bando de
lobos”, à decisão radical de interna-lo numa clínica para doentes mentais.
A caminho de lá, Phil, Stu, Doug e o próprio
Alan são abordados violentamente por Marshall (o sempre eficiente John Goodman)
com uma encrenca que os persegue desde o primeiro filme: O insano gangster
Leslie Chow (na interpretação aloprada de Ken Jeong) escapou da prisão (para
onde tinha ido no filme anterior) em posse de milhões de dólares em barras de
ouro roubadas de Marshall, e como seus únicos amigos são eles –Alan tem trocado
e-mails com Chow desde então! –Phil, Stu e Alan são os únicos capazes de
encontra-lo; dessa forma, Marshall sequestra Doug sob a promessa de mata-lo
senão lhe for entregue Chow.
Com base nessa premissa um tanto sombria, mas
de fato esforçada em se afastar de similaridades óbvias em relação aos outros
filmes, o terceiro filme tenta assim, fazer graça e conduzir seus personagens a
um desfecho digno, inclusive, levando sua ação de volta a Las Vegas na segunda
metade, proporcionando assim diversas referências ao primeiro filme.
Tem lá seus momentos, por uma série de razões
objetivas: Porque os personagens já são conhecidos do público e é agradável
acompanha-los em suas peripécias; porque o diretor Todd Phillips se não exerce
genialidade, ao menos, empresta ritmo aos acontecimentos; e porque o elenco em
geral é competente, descontraído e bem entrosado –com as contribuições particulares
de John Goodman, Ken Jeong e de Melissa McCarthy, numa ponta.
Nenhum desses elementos, porém, diz respeito a
qualquer qualidade do filme propriamente dito, o que faz deste terceiro (e
certamente último) exemplar da série, uma obra claudicante.
A trilogia que começou
pulsante e levando um improvável sopro de ineditismo ao acomodado gênero de
comédia terminou com aquilo que tinha orgulho de não ser: Um filme com pouca
graça.
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