segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Se Beber, Não Case 2 e 3

O primeiro “Se Beber Não Case” ao mesmo tempo que era ótimo –e essa qualidade rendeu gorda bilheteria, sucesso de crítica e o Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia em 2009 –também se bastava em si mesmo tendo começo, meio e fim bem definidos.
Todavia, era questão de tempo que tanto êxito se traduzisse num novo filme.
Aguardado com expectativa pelos fãs numerosos arrebanhados pelo ótimo primeiro filme, a continuação foi lançada em 2011, debaixo de pelo menos uma polêmica bastante tola: A tatuagem em um dos personagens que reproduzia em caráter de homenagem a mesma tatuagem de Mike Tyson (a mais falada participação especial do primeiro filme), o que não impediu o tatuador Victor Whitmill de tentar processar os produtores do filme –as cópias em homevideo tiveram que ter seu lançamento atrasado em meses para que, segundo instrução dos advogados de Whitmill, a referência à tal tatuagem fosse digitalmente removida.
Contudo, vamos falar do filme em si.
Desta vez, não mais em Las Vegas, mas, na Tailândia, acompanhamos o casamento não de Doug (Justin Bartha que, ao contrário do que se esperava, não tem sua participação aumentada no filme, e permanece alheio aos acontecimentos) e sim de Stu (Ed Helms) que (também ao contrário do que se esperava) não vai se casar com a personagem de Heather Graham do filme anterior, mas sim com uma mocinha de descendência tailandesa (a bonitinha Jamie Chung, de “Sucker Punch” e “Sin City-A Dama Fatal”).
Como era de se imaginar, a cerimônia terá a presença do grande amigo Phil (Bradley Cooper, aquele que melhor soube administrar a carreira após do sucesso do primeiro filme) e do inacreditavelmente lesado Alan (Zach Galifianakis) que, após os acontecimentos do filme original, se vê ligeiramente ressentido pelo afastamento do “bando de lobos”.
A nova reunião representa a oportunidade para mais uma festa de arromba durante a despedida de solteiro de Stu, entretanto, na manhã seguinte, mais uma vez, uma presepada os aguarda: Sem lembrança das confusões da noite anterior –veja só... –eles se deparam com fato de que agora o irmão da noiva (e futuro cunhado de Stu) desapareceu (!), e precisam reunir indícios de tudo que aprontaram na noite anterior para descobrir onde ele está antes do prazo-limite do casamento.
Como se pode perceber, o filme em si pode não ser visto como uma continuação apenas, mas sim como uma reprodução do filme original, com alterações pontuais –mas, que não são contundentes o suficiente para que qualquer um não perceba a semelhança gritante na trama dos dois.
E como o frescor sempre possui um sabor melhor do que o requentado, é óbvio que o primeiro filme é infinitamente superior a este!

Se o segundo filme foi consequência do sucesso do primeiro, então pode-se perfeitamente afirmar que o terceiro filme foi, por sua vez, uma consequência das críticas mais comuns dirigidas à continuação –afirmando ser ela (não sem uma certa razão) uma mera refilmagem da história do original.
Com efeito, “Se Beber Não case 3” vai buscar material numa trama que se afasta de acontecimentos similares aos outros dois filmes.
O imaturo Alan envolve-se num inacreditável acidente envolvendo uma girafa –uma cena que mostra a dificuldade considerável encontrada pelos realizadores em fazer rir de fato neste terceiro filme –o que culmina numa sucessão de infortúnios que levam seus amigos, o chamado “bando de lobos”, à decisão radical de interna-lo numa clínica para doentes mentais.
A caminho de lá, Phil, Stu, Doug e o próprio Alan são abordados violentamente por Marshall (o sempre eficiente John Goodman) com uma encrenca que os persegue desde o primeiro filme: O insano gangster Leslie Chow (na interpretação aloprada de Ken Jeong) escapou da prisão (para onde tinha ido no filme anterior) em posse de milhões de dólares em barras de ouro roubadas de Marshall, e como seus únicos amigos são eles –Alan tem trocado e-mails com Chow desde então! –Phil, Stu e Alan são os únicos capazes de encontra-lo; dessa forma, Marshall sequestra Doug sob a promessa de mata-lo senão lhe for entregue Chow.
Com base nessa premissa um tanto sombria, mas de fato esforçada em se afastar de similaridades óbvias em relação aos outros filmes, o terceiro filme tenta assim, fazer graça e conduzir seus personagens a um desfecho digno, inclusive, levando sua ação de volta a Las Vegas na segunda metade, proporcionando assim diversas referências ao primeiro filme.
Tem lá seus momentos, por uma série de razões objetivas: Porque os personagens já são conhecidos do público e é agradável acompanha-los em suas peripécias; porque o diretor Todd Phillips se não exerce genialidade, ao menos, empresta ritmo aos acontecimentos; e porque o elenco em geral é competente, descontraído e bem entrosado –com as contribuições particulares de John Goodman, Ken Jeong e de Melissa McCarthy, numa ponta.
Nenhum desses elementos, porém, diz respeito a qualquer qualidade do filme propriamente dito, o que faz deste terceiro (e certamente último) exemplar da série, uma obra claudicante.
A trilogia que começou pulsante e levando um improvável sopro de ineditismo ao acomodado gênero de comédia terminou com aquilo que tinha orgulho de não ser: Um filme com pouca graça.

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