Numa manobra comum ao cinema comercial
norte-americano –aquela na qual tudo que dá certo pode ser explorado à exaustão
–esta comédia pretende ser uma variação de “O Diabo Veste Prada”; dele,
inclusive, herda a própria roteirista, Aline Brosh McKenna.
Redicados para se impor por conta própria ele
tem: Não apenas a ambientação e a premissa proporcionam a chance de um filme
luminosos e original –no lugar do mundo da moda, o universo televisivo cheio de
fogueiras de vaidade que queimam em igual intensidade –como também seu diretor,
Roger Mitchell, pode ser considerado um especialista em comédias de humor
sofisticado: São deles os ótimos “Um Lugar Chamado Notting Hill” e “Vênus”.
Também o elenco tem nomes notáveis. O primeiro
deles, a jovem Rachel McAdams, vive a protagonista Becky, uma ambiciosa
produtora de TV que se vê nas nuvens quando finalmente escapa da obscuridade
dos programas secundários e assume um célebre show de TV nova-iorquino. É claro
que tanta satisfação vem com um porém: Os lendários e veteranos apresentadores
do show (vividos pelos também lendários e veteranos Harrison Ford e Diane
Keaton) se estranham a ponto de declarar guerra um ao outro.
Conciliar os ânimos e as personalidades
difíceis dos dois é só o primeiro dos desafios que Becky terá de encarar.
Na narrativa simples e direta que usa, o
diretor se mostra confiante no carisma e na desenvoltura de Rachel McAdams no
papel, que embora exagere nos trejeitos em muitos momentos segura bem o rojão –mais
do que a relação afetuosa e enfadonha que se cria entre ela e o personagem
vistoso de Patrick Wilson (e que confere ao filme todas as inflexões típicas de
uma comédia romântica) é a química entre McAdms e Harrison Ford (cujos
personagens trilham um caminho tortuoso da implicância até a amizade) que
ganha, de fato, importância neste filme indeciso entre fazer rir e fazer
cativar.
Mais que tudo, é uma prova e tanto de que o
velho “Indiana Jones” é um ator com muito mais potencial do que normalmente é
explorado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário