Numa comparação que não chega a dizer muita
coisa, o ex-crítico de cinema Rob Lurie estréia auspiciosamente na direção tal
e qual muitos críticos do ‘Cariers de Cinema’ –Jean Luc Godard, François
Truffaut, Jacques Rivette –o fizeram nos anos 1960, originando a nouvelle vague
francesa.
As orientações de Lurie, contudo, são muito
diferentes do que essa analogia leva a supor: Seu filme é um raro espécime dos
thrillers políticos, obras que se dedicam à reconstituição de intrigas de gabinete, plenos de verborragia, vocabulário pouco usual e detalhes que ao
mesmo tempo soam elitistas ao público e parecem sugerir todo um clima dentro da
proposta.
Após um estranho imbróglio seguido de um
atentado, o Vice-Presidente dos EUA, tirado de ação é substituído.
O próprio Presidente (Jeff Bridges) indica seu
favorito ao cargo: Uma séria e competente senadora (a formidável Joan Allen
repetindo a parceria em cena com Bridges e com o coadjuvante Christian Slater
depois de “Tucker-Um Homem e Seu Sonho”, nos anos 1980).
Mas, às vésperas da posse ocorrer com
tranquilidade, surge um escândalo envolvendo a senadora num sex-tape durante
sua juventude, o que é declarado aos quatro ventos por um ardiloso senador
(Gary Oldman), particularmente interessado em desacreditá-la e minar a decisão
do Presidente.
A batalha jurídica que se segue envolve
liberdade de expressão, direitos individuais do cidadão, feminismo e
integridade.
Se termina aparentando
firme indiferença quanto ao desinteresse que seu tema excessivamente político
pode gerar, se demonstra inquietação quanto ao desenvolvimento de sua premissa,
e na chance de que o conceito moral em torno do qual trabalha possa despertar
certo tédio no expectador, o diretor Lurie compensa essas intransigências com
atores extraordinários dirigidos com excelência (em especial Joan Allen) e uma
condução sempre absorvente que, embora se desdobre em cenas de paladar
desafiador, nunca deixa de soar notável.
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