Lançado em 1981, este The Howling” rivaliza diretamente com “Um Lobisomem Americano Em Londres” (lançado no mesmo ano) como o provável melhor filme de lobisomens do cinema –ou, pelo menos, da década de 1980...
E “The Howling” tem, sim, predicados para
receber esse comentário: Dirigido com astúcia por Joe Dante (que aqui evita um
pouco mais, mas nem tanto, a sua mescla habitual de terror com comédia, vide
“Gremlins”), é uma trama que une elementos inesperados com habilidoso jogo de
cintura e ainda ostenta aparato técnico o bastante para trazer transformações
de lobisomens quase tão memoráveis quanto aquelas presentes no filme de John
Landis.
Karen White (Dee Wallace Stone, de “E.T.”) é
uma daquelas protagonistas avoadas, incapazes de enxergar uma tremenda encrenca
se aproximando dela ao longe, como tantas protagonistas dos filmes de terror
–contudo, não apenas o roteiro cria inteligentes artifícios para incluí-la nas
tais encrenca, como a atuação de Dee Wallace consegue ressaltar a simpatia
presente nessa ingenuidade. Apresentadora de um programa de TV, Karen topa
participar de uma operação onde servirá de isca para um serial-killer, onde
será rastreada pela polícia e por sua equipe técnica, armada com todo o aparato
de escutas e micro-fones que, na hora H, não haverão de funcionar (!). O
psicopata acaba fulminado pelos policiais, pouco antes de quase dar cabo da
pobre Karen. O episódio acirra seus ânimos e ela não consegue mais fazer o
programa, nem corresponder adequadamente ao marido, Bill (Christopher Stone, na
época, casado com Dee Wallace na vida real). Assim, o terapeuta Dr. George
Waggner (Patrick MacNee, de “007 na Mira dos Assassinos”) tem a ideia de
enviá-la, junto de Bill, à um retiro idealizado pelo próprio Dr. Waggner onde
um grupo numeroso –a formar quase uma comunidade –isola-se no campo, cultivando
uma filosofia rural que, segundo o bom doutor, haverá de curar cada uma de suas
mazelas.
Contudo, as noites –e os uivos muitos suspeitos
que elas trazem –esconde a real verdade por trás das pessoas inicialmente tão
acolhedoras (ainda que esquisitas) daquele lugar: São todos lobisomens que
aguardam visitantes para 1) enredá-los e incluí-los em seu grupo,
convertendo-os em lobisomens também –como é o caso de Bill, pouco a pouco
seduzido pela melindrosa e exotérica Marsha (Elisabeth Brooks), numa espécie de
ritual de acasalamento de lobisomens (?!) ou 2) trucidá-los, fazendo deles suas
vítimas –como parece ser o caso da desafortunada Karen!
Realmente notável no aparato técnico que
materializa, em efeitos práticos, lobisomens críveis, palpitantes e
amedrontadores no filme muito antes de surgirem os efeitos computadorizados que
predominam hoje, este ótimo trabalho de Joe Dante (estranhamente menos lembrado
do que obras até mesmo inferiores que ele entregou nos anos 1980) só não se
destacou tanto quanto a produção de John Landis no imaginário dos amantes de
cinema de terror porque o diretor Dante –ao contrário de Landis que opta por um
enredo clássico em seu filme –se atreve a conceber uma narrativa que se
desdobra imprevisível em diversos outros gêneros e subgêneros que vão se
sucedendo ao avançar da trama: Começa como um suspense investigativo (a isca
para um serial-killer), prodrige para
o que parece ser um drama sobre traumas emocionais, logo mudando para um filme
sobre seitas obscuras e sociedades alternativas, para então escancarar, aos
poucos, o terror dos lobisomens; e então descambar tudo para uma sucessão de
tiroteios quase à moda do western em
seu clímax.
Nenhum comentário:
Postar um comentário