O segundo ano de “Euphoria” carrega ainda mais nas tintas tragicômicas já esboçadas por Sam Levinson na primeira temporada. De lá para cá, “Euphoria” converteu-se numa espécie de fenômeno de audiência, seus jovens astros e estrelas se tornaram célebres, seus personagens caíram no gosto popular e a série amedalhou inúmeros prêmios (inclusive o Emmy de Melhor Atriz em Série de TV para Zendaya, fazendo dela a mais jovem intérprete a conquistar a estatueta). Logo, havia muita expectativa em torno dos rumos que a nova temporada iria seguir e, num cômputo geral, pode-se dizer que “Euphoria” não decepcionou.
Tendo terminado a temporada anterior num
rompimento com seu amor, Jules (Hunter Schafer), a viciada Rue (Zendaya)
mergulha de cabeça nas drogas, o que a leva, nos primeiros episódios (num total
de oito), a uma via crusis de
degradação e deterioração ainda mais incisiva do que vimos anteriormente. Na
festa que marca o início deste segundo ano na vida de todos os personagens,
encontramos Rue entorpecida pelas drogas, conhecendo o terceiro personagem mais
importante, por assim dizer, deste novo ano, o também drogado e também
descolado Elliot (o ótimo Dominique Fike) que alimenta por Rue uma certa
atração assim que bate os olhos nela. Entretanto, é com Jules –que conhece logo
depois –que ele vem, de fato, a consumar uma relação. Assim, o roteiro de Sam
Levinson termina por moldar um triângulo amoroso entre esses três personagens.
Na complicada dinâmica de amor não declarado que estabeleceram entre si, Rue e
Jules acabam introduzindo Elliot quase como um elemento facilitador, onde se
tornam mais possíveis tanto suas expressões de carinho, como as fissuras que
ameaçam separá-las –como na intervenção que Jules busca fazer ao descobrir que
Rue não abandonou seu vício, tendo ela lhe garantido que tentaria ficar limpa.
Nesse sentido é curioso, e até estranho, o
quanto Jules perde em relevância nesta temporada, e ela não é a única. Por
outro lado, se há uma personagem que tem seu tempo de cena aumentado consideravelmente
é Cassie Howard, vivida com convicção e alta voltagem pela belíssima Sydney
Sweeney (ela também foi indicada ao Emmy, e a outros prêmios de Melhor
Coadjuvante do Ano). Cassie tem seu arco dramático ampliado ao envolver-se com
Nate Jacobs (Jacob Elordi), o mau-caráter e corrosivo ex-namorado de sua melhor
amiga Maddy (Alexa Demie).
Segundo rumores, os atores Hunter Schafer e
Jacob Elordi se desentenderam no set de “Euphoria”, o que teria levado o
criador Sam Levinson a reescrever grande parte do roteiro da segunda temporada
–na qual, segundo consta, quem começaria a namorar Nate em segredo seria Jules
e não Cassie (e, diante dos rumos que a primeira temporada tomou, de fato, era
essa direção que fazia mais sentido). No final, foi Sydney Sweeney quem se
beneficiou com isso: A jovem atriz faz bom uso de seu tempo estendido de cena
e dos rumos inesperados adquiridos por sua personagem entregando alguns dos
melhores momentos da série (fora o imenso frisson
entre os fãs causado por suas generosas cenas de nudez!). Do namoradinho
anterior de Cassie, McKay (Angee Smith) não se ouve falar mais nada, salvo uma
ponta apenas no primeiro episódio. Outra que quase desapareceu na série foi
Barbie Ferreira. Ela teria tido algum desentendimento com o próprio Sam
Levinson a respeito dos rumos de sua personagem, Kat Fernandez, e o resultado
foi que, neste segundo ano, seu arco dramático se interrompe, convertendo-a
numa mera coadjuvante de figuração. Para se ter uma ideia, até mesmo o seu
namorado, o insosso Ethan (Austin Abrams), acaba tendo mais importância junto
ao enredo do que ela!
Se houveram personagens drasticamente deixados
de lado –além dos já citados, também a mãe e a irmã de Rue se restringem a
pouquíssimos episódios –outros que ganharam mais ênfase são o pai de Nate (Eric
Dane), dono de todo um episódio em flashback
que ilustra melhor seu conflito com a própria homossexualidade, herdada pelo
filho; a melhor amiga de Rue, Lexi (Maude Apatow) e o traficante boa-praça
Fezco (Angus Cloud) que iniciam o ano ensaiando um tímido romance. É, por
sinal, a confiança descoberta com essa nova relação que leva Lexi a encontrar
suas predisposições teatrais e escrever uma peça escolar (inspirada, veja só,
nela e em suas amigas, correspondendo a muitos acontecimentos vistos na série)
que termina sendo encenada nos apoteóticos dois episódios finais.
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