sábado, 7 de outubro de 2023

Breakdown - Implacável Perseguição


 Os cenários do Monument Valley que serviram de pano de fundo a inúmeros clássicos de John Ford inundam a tela já no prólogo deste conto de suspense dirigido pelo habilidoso Jonathan Mostow (de “O Exterminador do Futuro 3” e “U-571 A Batalha do Atlântico”) cujo sub-gênero remete aos road-movies carregados de tensão no melhor estilo “A Morte Pede Carona” –a estrada convertida em todo um universo à parte, onde regras e personagens muito particulares, em princípio, bem ocultos da visão comum, comparecem para complicar de formas imprevistas as vidas dos protagonistas; e não raro, ameaçá-las. “Breakdown” também empresta alguns expedientes infalíveis do mestre Alfred Hitchcock, tal como o mistério insolúvel que atormenta o herói (e, por consequência, o expectador) até o limite do insuportável.

Capturados na transição de uma crise econômica, o casal Jeffrey (Kurt Russell, ótimo) e Amy Taylor (Kathleen Quinlan, de “Apollo 13”) atravessam o deserto do meio-oeste americano de carro, em busca de uma vida melhor na Costa Leste. Todavia, o roteiro não precisa e nem irá se aprofundar em tal situação: Logo no início, após uma parada num posto de gasolina, o carro deles dá uma pane, simplesmente parando no meio do deserto. Surge então um caminhoneiro solícito (J.T. Walsh, de “O Poder da Sedução”, “Os Imorais” e “Nixon”) que sugere dar-lhes carona até o ponto mais próximo, um conhecido restaurante de beira de estrada.

Amy aceita a carona; Jeffrey resolve ficar, afinal, ela enviará um guincho na sequência e ele não deseja abandonar o carro, com todos os pertences que eles possuem, na estrada. Algum tempo depois, porém, Jeffrey consegue descobrir o defeito no carro e o conserta, voltando a dirigir. Indo em busca de Amy no dito local combinado, Jeffrey descobre que ela não foi levada lá. Quando o desespero começa a tomar conta dele, Jeffrey reencontra o tal caminhoneiro que, desta vez, insiste que não o conhece e que não faz ideia do paradeiro de sua esposa.

É só o início de uma intriga que colocará ele e sua mulher na mira de perigosos e inescrupulosos psicopatas da estrada.

Realizado com eficiência e objetividade, como tinha que ser, “Breakdown” é uma obra que se beneficia deliberadamente das características do tempo a que pertence: Uma época anterior às mídias digitais, aos celulares, ao GPS, ou mesmo à internet –sem a conectividade e a velocidade da informação, os personagens principais se veem, de uma hora para a outra sozinhos em sua aflição, isolados num mundo selvagem e primitivo onde a única referência é o asfalto que corta o vasto deserto, ambiente no qual seus antagonistas parecem muito mais à vontade que eles. Um mote do qual podiam se valer os hábeis artesões a ambientar suas tramas de suspense numa época anterior à tecnologia e sua fácil acessibilidade, concebendo assim pérolas notáveis como este ótimo trabalho.

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