A jovem estudante de Direito Darby Shaw (Julia Roberts) na ânsia de investigar o assassinato estranhamente simultâneo de dois juízes da Suprema Corte dos EUA em Washington (um deles interpretado pelo veterano Hume Cronyn, numa breve participação) deduz que esbarrou numa terrível verdade a ser encoberta de qualquer maneira por pessoas inescrupulosas e bem posicionadas nas esferas do poder: Na tentativa de silenciá-la, os criminosos, sem querer acabam matando o professor, enlace romântico e mentor dela, Thomas Callahan (Sam Shepard). Perseguida por pessoas dispostas a interromper suas investigações e neutralizar suas descobertas a qualquer custo, Darby se refugia nos subúrbios de Nova Orleans, e conta com a ajuda do jornalista investigativo Gray Grantham (Denzel Washington).
Na esteira do sucesso avassalador de “Uma Linda Mulher”, a estrela Julia Roberts seguiu fazendo o que se espera de jovens
talentos em ascensão: Realizou filmes destinados a exclusivamente agradar seu
público –se tais filmes tinham qualidade ou não, isso era uma questão que nunca
pareceu prioridade nas decisões curiosas dos estúdios hollywoodianos. Ele
protagonizou o suspense algo vulgar “Dormindo Com O Inimigo”, em 1991, e nesse
mesmo ano, apareceu no meloso, romântico e superficial “Tudo Por Amor”. O passo
seguinte era marcar presença num projeto mais ambicioso, capaz de colocar Julia
sob as lentes de um diretor, senão grande, ao menos, renomado –Alan J. Pakula
–e deixá-la, lado a lado, de outros grandes nomes do cinema, o que inclui, além
do sempre eficiente Denzel, as presenças ocasionalmente aproveitadas de Sam
Shepard, Stanley Tucci, John Heard, William Atherton, John Lithgow e Robert
Culp (como Presidente dos EUA).
Embora protagonistas, Julia Roberts e Denzel Washington
não formam um par romântico –a Hollywood implicitamente segregada de então
dificilmente permitiria um casal formado por atores de etnias distintas (algo
que seria aceito, e até encorajado, hoje). Assim, pode-se até pegar a dica:
Composto de aspectos de dizem muito sobre o cinema comercial de seu tempo, “O
Dossiê Pelicano” é feito de tendências específicas que visavam atender a
demanda do público, termina sendo um veículo morno para a estrela em franca
ascensão de Julia Roberts e um reaproveitamento requentado –ainda que com base
no enredo original extraído do livro de John Grisham –da narrativa pulsante que
o mesmo diretor Alan Pakula empregou em “A Trama” nos anos 1970; os ganchos e
expedientes de roteiro são, senão os mesmos, muitíssimo parecidos!
A única diferença é o tempo em que foram
realizados: Nos anos 1970, pela liberdade criativa com a qual realizadores mais
jovens tateavam um novo cinema comercial (e pelas tendências autorais que
emergiam na época), Pakula soube orquestrar em “A Trama” (além de outros
longa-metragens) uma obra urgente e pulsante; já, em 1993, o mesmo diretor, do
alto de uma carreira experiente e já sem fôlego para ousar, concebeu um
trabalho com aspectos similares, sem no entanto qualquer indício de atrevimento
ou inovação.
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