O primeiro filme assistido por um ainda bem jovem Frank Henenlotter (com sete anos de idade!) foi o terror “Vale dos Zumbis” (de 1946, dirigido por Philip Ford), a ele seguiu-se, anos depois, “Força Diabólica” (1958, de William Castle), “Psicose” (este dispensa apresentações!) e “Circo de Horrores” (1960, de Sydney Hayers, o seu preferido) experiências que moldaram o caráter e a personalidade de Henenlotter enquanto realizador –e o fizeram apaixonado por alguns dos expedientes mais extremos do gênero terror. Só para se ter uma ideia, o seu primeiro trabalho em curta-metragem, “Slash Of The Knife”, foi considerado demasiado ofensivo para obter uma exibição junto de “Pink Flamingos”, de John Waters (!).
Entretanto, foi na ocasião desse projeto
pessoal e quase experimental (como foram pessoais e quase experimentais
praticamente todos os trabalhos da carreira de Henenlotter) que ele conheceu o
produtor Edgar Levins, que assinou a produção de seus longa-metragens,
incluindo este “Frankenhooker”, lançado em 1990.
Como o próprio título original já sugere, “Frankenhooker”
é uma variação plena de deboche do clássico “Frankenstein”, de Mary Shelley,
tantas vezes adaptado para cinema. Interpretado pelo ator James Lorinz (de “O Rei de Nova York”) o protagonista, Jeffrey Franken (nome que, a um só tempo,
faz referência ao personagem principal do clássico “Frankenstein” como também
do cult “Re-Animator”), é um
eletricista que acalenta a ideia de tornar-se um inventor ou cientista (um ‘bio-eletricista’ diz ele) mesmo que alienado
da realidade. Uma de suas inúmeras criações vem a ser um cortador de grama
avançado que, em descontrole, estraçalha sua noiva, Elizabeth (vivida por Patty
Mullen, ex-modelo erótica da revista Penthouse).
Inconformado com a bizarra tragédia, Franken põe em prática uma plano ainda
mais bizarro: Ele desenvolve em laboratório uma espécie de crack explosivo –quando consumido, leva seus usuários a explodirem
em pedaços (!) –e sai pela noite, mais especificadamente pelos inferninhos
nova-iorquinos, oferecendo a droga para diversas prostitutas, escolhendo as
partes do corpo que mais lhe interessam na intenção de uní-las à cabeça de
Elizabeth e recriar, por meio de uma experiência, sua noiva outra vez (!).
No entanto, a experiência não sai exatamente
como planejado: a Criatura (uma vez mais interpretada por Patty Mullen) é
despudorada e desengonçada (ainda que sexy), tendo herdado também a natureza
promíscua oriunda dos pedaços anatômicos das prostitutas. A ela não interessa
nem um pouco retomar qualquer vínculo sentimental com o Dr. Franken, mas sim
sair pela noite a rodar sua bolsinha (!), e propor uma transa aos clientes mediante
pagamento (!!), contudo, há uma complicação: Surgida justamente de uma
experiência eletromagnética, a tal Criatura, ao chegar no clímax sexual,
provoca uma descarga elétrica em seus parceiros, levando-os à morte!
Ousado na sua miscelânea incomum e
desconcertante de gêneros –possui todas as audácias impraticáveis do terror
extremo; todas as galhofas debochadas e desembaraçadas de uma comédia pastelão;
e todos os absurdos crescentes e escatológicos de uma fábula macabra –“Frankenhooker”
só não se revela um filme ainda mais gráfico no que diz respeito ao gore (como foram os trabalhos anteriores
de Henenlotter, os doentios “Basket Case 1 e 2”) graças à iniciativa de seu
técnico em efeitos especiais, Gabe Bartalos, que optou, neste projeto, por um
repertório que priorizasse raios e fumaças (numa homenagem aos Clássicos de
terror da Universal) ao invés dos usuais sangue e vísceras.
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