Vinda de uma sucessão bastante impressionante
de sucessos de crítica e de bilheteria, a Marvel Studios, assim como o público,
via uma incógnita em “Capitão América-O Soldado Invernal”.
A razão era de natureza humana: Como membro
mais íntegro dos vingadores, o Capitão América corria o risco de ser visto como
um personagem de valores antiquados pelos acelerados e desprendidos
expectadores de blockbusters atuais, tão afeitos aos anti-heróis da moda.
Afinal de contas, o primeiro filme do Capitão América, que funcionou às mil
maravilhas, era, ele próprio, ambientado na Segunda Guerra Mundial,
contextualizando assim todas as características “à moda antiga” do herói: Era
um filme de época.
Na sequência, o Capitão funcionou também no
filme dos Vingadores, já arremessado para os dias de hoje, mas ali, ele era um
membro de toda uma equipe, numa trama que balanceava as diferenças e
idiossincrasias uns dos outros (afinal, lá estavam também o Hulk e o Thor, só
para citar alguns exemplos).
O segundo filme era, portanto, o primeiro no
qual Steve Rogers seria o protagonista de um trama inteiramente passada nos
tempos atuais.
Para a empreitada, a Marvel ainda fez uma escolha
curiosa: os irmãos diretores Anthony e Joe Russo, cujo filme mais conhecido era
a mediana comédia “Dois é Bom, Três É Demais”.
Era, de certa forma, um risco. Como eles fariam, afinal de contas, um personagem como o Capitão América soar relevante e interessante em uma época
tão cínica como a nossa?
A genial resposta que eles deram em “Capitão
América-O Soldado Invernal” era: Não mudando absolutamente nada!
Explica-se: Num longa-metragem realizado nos
moldes dos bons filmes de espionagem, onde não se podia confiar em praticamente
ninguém, a presença de um protagonista transparente e íntegro como o Capitão
América acabava sendo a âncora perfeita na qual a platéia podia se segurar.
E que filmaço de espionagem eles fizeram!
Trabalhando como um agente de campo da
S.H.I.E.L.D. em Washington depois dos acontecimentos ocorridos em “Os
Vingadores”, Steve Rogers caminha a passos largos para elucidar uma conspiração
após um atentado à vida do diretor Nick Fury. O quê ele descobrirá é inclusive
de nível pessoal: A Hidra, organização criada pelo Caveira Vermelha, está
inflitrada na S.H.I.E.L.D. e um de seus mais preciosos operativos vem a ser o
Soldado Invernal, identidade secreta de seu grande amigo Bucky, que ele
considerava morto.
Revelando uma solidez narrativa das mais
surpreendentes, os Irmãos Russo enfatizaram todos os aspectos que já sabiam
funcionar: A atuação certeira de Chris Evans como Capitão América, sua química
com Scarlett Johansson (que aliás é uma
das melhores coisas do filme!), e a diversidade e sinergia do Universo Marvel
Cinematográfico.
Eles também deram uma contribuição inestimável:
Um tom sombrio acachapante, um enfoque mais realista, fazendo do Capitão
América uma espécie de “Jason Bourne da Marvel”, e ainda trouxeram para o
elenco a presença mais do que significativa de Robert Redford.
O resultado é o melhor
filme da Marvel Studios até então, e um longa de super-heróis que rivaliza em
pé de igualdade, com qualidade e mérito com aquele considerado a melhor
adaptação de HQ do cinema, o também realista “Batman-O Cavaleiro das Trevas”.
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