terça-feira, 2 de agosto de 2016

Noé

Descendentes dos filhos de Matusalém (Anthony Hopkins), Noé (Russel Crowe) e sua família singran por um mundo vasto e assolado pelas hordas de Tubal-Caim (Ray Winstone), orgulhoso descendente de Caim, o filho de Adão.
Preocupado com as possibilidades nefastas das visões que tem tido, Noé procura pelas sábias instruções de Matusalém, e descobre que o Criador pretende varrer a terra –e, por conseqüência, os erros da humanidade –com um dilúvio previstos para os anos vindouros.
O papel de Noé e sua família seria de construir uma arca que viesse a abrigar um casal de cada ser animal da criação.
Mas, Tubal-Caim não deseja aceitar com tanta irrestrição os desígnios do Senhor, e quer que seu povo esteja em peso dentro daquela arca quando o dilúvio chegar.
Autor de um poema, ainda durante sua vida escolar, sobre o episódio bíblico de Noé, o diretor Daren Aronofski conseguiu dar corpo e propósito a este projeto especialmente pessoal, onde ele lança ênfases bastante particulares a muitas passagens do conhecido com que, transfiguradas pelas justaposições e pela própria concepção de Aronofsky, ganham um novo viés, que certamente foi responsável por algumas controvérsias que rondaram o projeto.
“Noé” fala sobre sensos de responsabilidade, bem como da pérfida condição humana diante da inexistência absolutas deles; sobre obsessões auto-justificadas pela devoção (aliás, um temo especialmente caro em todo o cinema de Aronofsky); sobre as transformações que o homem inflige ao mundo, e que o mundo inflige ao homem.
São questionamentos, estes, sempre presentes em “Cisne Negro”, “Pi”, “Fonte da Vida”, filmes de Darren Aronofsky cuja diferenciação atroz de tema e ambientação só não desconcerta mais que a percepção catártica de que, em seu cerne, eles dizem uma coisa só.
 Russel Crowe mostra por que é um dos grandes astros de hoje; Jennifer Connelly brilha depois de tanto tempo sem fazer um filme bom de verdade; e Emma Watson começava a provar que há muito mais ali do que Hermione Granger.
Quando parecia que Aronofsky estava conduzindo o filme primorosamente para seu final, ele estava tão somente trilhando um caminho inesperado para torná-lo ainda melhor!

Um trabalho que divide opiniões, não há dúvida, mas cujo engajamento de seu audaz e arrojado realizador o impede de ser uma obra passível de ser ignorada.

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