quarta-feira, 15 de março de 2017

Amor À Queima - Roupa

O início da carreira cinematográfica de Quentin Tarantino teve muito mais expressão como roteirista do que como diretor. Roteiros assinados por ele –e que já traziam toda uma nova percepção pop do cinema –já transitavam pelos estúdios gerando burburinho (tais como “Assassinos Por Natureza”, “Maré Vermelha” e este “Amor À Queima-Roupa”), antes de seu reconhecimento também como diretor em “Cães de Aluguel”, ainda que, em se tratando de lançamento comercial, estes filmes tenham ganhado as salas de cinema quase ao mesmo tempo –e, em alguns casos, anos depois.
Tamanho é o peso do estilo e da personalidade de Tarantino como autor, que ele chega a influenciar “Amor À Queima-Roupa” até mais que seu próprio diretor, o falecido Tony Scott.
Contudo, Scott tratou de incorporar ao filme uma série de elementos notáveis que o fizeram rapidamente ganhar aspectos cult: E dentre estes, certamente, o elenco assombroso é um dos que chama imediatamente a atenção.
É até inconcebível, hoje, um filme de ares independentes, no qual Christian Slater é o protagonista e conta com coadjuvantes do quilate de Brad Pitt, Gary Oldman, Val Kilmer (embora ele não apareça, fazendo o papel do fantasma elíptico de Elvis Presley!), James Gandolfini, Dennis Hopper e Christopher Walken.
Tudo começa quando, dentro de uma sala de cinema, assistindo a um filme de artes marciais (uma das inúmeras e pontuais referências cinematográficas que Tarantino colocará na trama), o descolado Clarence Worley (Slater) é abordado casualmente por uma loira espetacular chamada Alabama Whitman (a maravilhosa Patrícia Arquette). Após ficarem juntos, e descobrir uma sintonia singular, ela lhe confidencia ser uma garota de programa. Os dois decidem fugir de tudo e de todos, assim que o rapaz resolver as pendências com o cafetão dela (Gary Oldman, na época bastante marcado por esses tipos surtados e belicosos).
Tudo dá errado e Clarence termina com um pacote de heroína nas mãos e um cadáver às suas costas.
Quando o casal apaixonado ganha a estrada então, uma fileira de policiais corruptos, gangsteres e personagens esquisitos estarão atrás deles.
O roteiro de Tarantino é hábil em tecer uma confusão das mais caprichadas, fazendo a narrativa culminar num tiroteio infernal e explosivo, e o diretor Scott faz sua parte, emoldurando tudo com um capricho visual característico –ainda que sua estética videoclip e sua iluminação estilizada soem estranhos a esse registro quase suburbano da criminalidade.

Esses fatores somados, ao invés de tornarem o filme indigesto, lhe conferem uma atmosfera pouco usual, intrigante até, que por vezes levou alguns cinéfilos a reassistí-lo (eu incluso) várias e várias vezes.

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