O início da carreira cinematográfica de Quentin
Tarantino teve muito mais expressão como roteirista do que como diretor.
Roteiros assinados por ele –e que já traziam toda uma nova percepção pop do
cinema –já transitavam pelos estúdios gerando burburinho (tais como “Assassinos
Por Natureza”, “Maré Vermelha” e este “Amor À Queima-Roupa”), antes de seu
reconhecimento também como diretor em “Cães de Aluguel”, ainda que, em se
tratando de lançamento comercial, estes filmes tenham ganhado as salas de
cinema quase ao mesmo tempo –e, em alguns casos, anos depois.
Tamanho é o peso do estilo e da personalidade
de Tarantino como autor, que ele chega a influenciar “Amor À Queima-Roupa” até
mais que seu próprio diretor, o falecido Tony Scott.
Contudo, Scott tratou de incorporar ao filme
uma série de elementos notáveis que o fizeram rapidamente ganhar aspectos cult:
E dentre estes, certamente, o elenco assombroso é um dos que chama
imediatamente a atenção.
É até inconcebível, hoje, um filme de ares
independentes, no qual Christian Slater é o protagonista e conta com
coadjuvantes do quilate de Brad Pitt, Gary Oldman, Val Kilmer (embora ele não
apareça, fazendo o papel do fantasma elíptico de Elvis Presley!), James
Gandolfini, Dennis Hopper e Christopher Walken.
Tudo começa quando, dentro de uma sala de
cinema, assistindo a um filme de artes marciais (uma das inúmeras e pontuais
referências cinematográficas que Tarantino colocará na trama), o descolado
Clarence Worley (Slater) é abordado casualmente por uma loira espetacular
chamada Alabama Whitman (a maravilhosa Patrícia Arquette). Após ficarem juntos,
e descobrir uma sintonia singular, ela lhe confidencia ser uma garota de programa.
Os dois decidem fugir de tudo e de todos, assim que o rapaz resolver as pendências
com o cafetão dela (Gary Oldman, na época bastante marcado por esses tipos
surtados e belicosos).
Tudo dá errado e Clarence termina com um pacote
de heroína nas mãos e um cadáver às suas costas.
Quando o casal apaixonado ganha a estrada então,
uma fileira de policiais corruptos, gangsteres e personagens esquisitos estarão
atrás deles.
O roteiro de Tarantino é hábil em tecer uma
confusão das mais caprichadas, fazendo a narrativa culminar num tiroteio
infernal e explosivo, e o diretor Scott faz sua parte, emoldurando tudo com um
capricho visual característico –ainda que sua estética videoclip e sua iluminação
estilizada soem estranhos a esse registro quase suburbano da criminalidade.
Esses fatores somados, ao invés de tornarem o
filme indigesto, lhe conferem uma atmosfera pouco usual, intrigante até, que por
vezes levou alguns cinéfilos a reassistí-lo (eu incluso) várias e várias vezes.
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