Uma pena que na cerimônia do Oscar de 1997,
este espetacular “Los Angeles-Cidade Proibida” tenha batido de frente com um
rolo compressor chamado “Titanic”, que acabou levando 11 estatuetas. “Los
Angeles...” terminou a cerimônia com duas estatuetas (de Melhor Roteiro
Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante para Kim Basinger), o quê não basta para
premiar sua excelência: Em outros anos certamente seria esta produção
requintadíssima a grande vencedora da noite.
Três detetives de polícia na Los Angeles dos
anos 1930, o truculento e determinado Bud White (Russell Crowe, tão formidável
quanto em seu filme seguinte, “Gladiador”), o recém-formado e meticuloso Ed
Exley (Guy Pierce) e o ponderado e bom vivant Jack Vincennes (Kevin Spacey), se
vêem, de diferentes formas, às voltas com uma conspiração criminosa que se estende
até os núcleos de liderança do departamento de polícia.
Uma dissertação sobre a corrupção moldada pelo
diretor Curtis Henson, travestida do mais charmoso cinema que a generosidade de
um estúdio pode produzir, mas ainda assim preservada em todas as suas inflexões
de intimismo e questionamento –seu protagonistas são tragados por aquilo que
crêem enfrentar, como Bud White, notoriamente violento com homens que agridem
mulheres, mas cujos meandros tentaculares e insidiosos da intriga em que está
envolvido irão levá-lo a agredir Lynn (a personagem de Kim Basinger) por quem
se apaixona.
Uma referência e uma
reverência ao gênero film noir, concebida por Curtis Henson, que urge aqui sua
mais perfeita obra: Em tudo e por tudo, este é um trabalho de absoluto primor
cinematográfico, onde a perfeição de seu ritmo e de sua condução serve aos
propósitos de um roteiro (elaborado em minúcias rocambolescas por Brian
Helgeland e pelo próprio diretor Hanson) escrito com equilíbrio, desenvoltura e
plena noção de atmosfera, mostrando também uma das mais prodigiosas utilizações
do campo e contracampo vistas no cinema.
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