segunda-feira, 17 de abril de 2017

Los Angeles - Cidade Proibida

Uma pena que na cerimônia do Oscar de 1997, este espetacular “Los Angeles-Cidade Proibida” tenha batido de frente com um rolo compressor chamado “Titanic”, que acabou levando 11 estatuetas. “Los Angeles...” terminou a cerimônia com duas estatuetas (de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante para Kim Basinger), o quê não basta para premiar sua excelência: Em outros anos certamente seria esta produção requintadíssima a grande vencedora da noite.
Três detetives de polícia na Los Angeles dos anos 1930, o truculento e determinado Bud White (Russell Crowe, tão formidável quanto em seu filme seguinte, “Gladiador”), o recém-formado e meticuloso Ed Exley (Guy Pierce) e o ponderado e bom vivant Jack Vincennes (Kevin Spacey), se vêem, de diferentes formas, às voltas com uma conspiração criminosa que se estende até os núcleos de liderança do departamento de polícia.
Uma dissertação sobre a corrupção moldada pelo diretor Curtis Henson, travestida do mais charmoso cinema que a generosidade de um estúdio pode produzir, mas ainda assim preservada em todas as suas inflexões de intimismo e questionamento –seu protagonistas são tragados por aquilo que crêem enfrentar, como Bud White, notoriamente violento com homens que agridem mulheres, mas cujos meandros tentaculares e insidiosos da intriga em que está envolvido irão levá-lo a agredir Lynn (a personagem de Kim Basinger) por quem se apaixona.
Uma referência e uma reverência ao gênero film noir, concebida por Curtis Henson, que urge aqui sua mais perfeita obra: Em tudo e por tudo, este é um trabalho de absoluto primor cinematográfico, onde a perfeição de seu ritmo e de sua condução serve aos propósitos de um roteiro (elaborado em minúcias rocambolescas por Brian Helgeland e pelo próprio diretor Hanson) escrito com equilíbrio, desenvoltura e plena noção de atmosfera, mostrando também uma das mais prodigiosas utilizações do campo e contracampo vistas no cinema.

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