terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Jovem Rainha Vitória

O diretor Jean Marc-Valée sempre demonstrou na elevada qualidade de seus trabalhos, uma capacidade inata de ressaltar o imenso potencial de entendimento entre seus ótimos intérpretes e os personagens de suas tramas. Em “A Jovem Rainha Vitória”, essa regra se cumpre com gosto: No papel de Vitória, Emily Blunt flutua com carisma, desenvoltura e força pelos ambientes empostados deste filme de época. Com ela, cada reunião de cúpula, cada obrigação aristocrática parece uma aventura. Foi realmente uma injustiça não tê-la indicado ao Oscar (prêmio que o filme terminou conquistando só no departamento de Melhor Figurino).
Única herdeira ao trono inglês, Alexandrina Vitória Regina sofre, desde muito cedo (ainda menina), as tentativas de influência daqueles que a cercam, que vão desde sua mãe (Miranda Richardson) e seu manipulador conselheiro Conroy (Mark Strong), até o tentacular Lord Melbourne (Paul Betany, o Visão de “Vingadores-A Era de Ultron” e “Capitão América-GuerraCivil”).
Logo, Vitória encontrará na amizade com o Príncipe Albert (o ótimo Rupert Friend, obtendo com Emily uma química fenomenal), da Alemanha, um alento para tantas intrigas. Assim, a personalidade destemida e intrépida de Vitória descobrirá, ao longo dos anos e das situações, os caminhos tortuosos da monarquia, adquirindo a confiança com a qual ela dará seus primeiros passos como rainha.
Despido do peso habitual que acompanha os densos filmes de época que têm por hábito se debruçar sobre históricas intrigas palacianas, este roteiro notável de Julian Fellowes (roteirista de “Assassinato Em Gosford Park” e criador da série “Downton Abbey”) tem a salutar qualidade de propor um convite ao expectador: Conhecer ali, naquelas ardorosas atribulações pontuadas pelo crescimento de sua protagonista, (seja esse crescimento físico, seja ele existencial, graças à plenitude sutil na atuação de Emily Blunt), a obstinação de uma jovem perante responsabilidades que se mostraram, desde sempre, imensuráveis; vislumbrar a dinâmica escorregadia, traiçoeira e perigosa que costuma se estabelecer entre o jogo do poder, a vaidade da fama, a ambigüidade da política e o orgulho da realeza; e testemunhar, encantado, o amor entre Vitória e Albert encontrar passagens em cada uma dessas brechas noscivas, para então definir a força de todo um reinado.

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