Só mesmo o fato de ser casado com a diretora
Rebecca Miller para justificar a presença de um ator como Daniel Day-Lewis num
projeto equivocado e redundante como este.
Rebecca, que também é filha do dramaturgo
Arthur Miller, também dirigiu a igualmente insossa comédia romântica “O Plano
de Maggie”, de 2016. Comparando os dois trabalhos –de natureza e pretensões bem
diferentes –pode-se perceber que ela tem certo interesse em relacionamentos que
as circunstâncias tornam pouco usuais.
É sobre isso, essencialmente que trata este
filme aqui (e se era a intenção falar de alguma outra coisa, isso se perdeu na
realização).
Jack (Daniel Day-Lewis) mora com a filha Rose
(Camilla Belle) numa ilha em algum ponto da Costa Oeste dos EUA. O ano é 1986,
e logo notamos que Jack é o que restou de uma comunidade alternativa surgida a
partir dos preceitos da contracultura dos anos 1960.
Eles vivem isolados, exceto com ocasionais
intervenções de um empreendedor que constrói um conjunto de casas
pré-fabricadas no limite de sua propriedade –e que Jack trata de enxotar com
tiros de espingarda!
A filha Rose não tem qualquer conexão com o
mundo, mas Jack sabe que, com a chegada de sua adolescência, ela precisa ter
contato com outras pessoas, sobretudo, depois que a saúde de Jack começa a
deteriorar em vista de seu estado físico –Jack não tem mais muito tempo.
Com isso em mente, ele convida Kathleen (Catherine
Keener), sua namorada, para morar com eles. Ela leva a tiracolo os filhos, o
sensível e hesitante Rodney (Ryan McDonald) e o desleixado Thaddius (Paul Dano, que fez
“Sangue Negro” com Day-Lewis).
A reação de Rose à presença súbita desses
estranhos em sua casa é tudo menos harmoniosa.
Ao tentar falar sobre inúmeras facetas do
comportamento humano –e ostentar sensibilidade em cada uma delas –o filme de
Rebecca se perde na incapacidade de ilustrar ao expectador qual é seu cerne de
fato.
Não chega a ser surpresa que a sua sustentação
para os lapsos que assola o filme seja a formidável presença de Day-Lewis (bem
ladeado por Camilla Belle e por Catherine Keener), um grande ator que, como
aqui, ocasionalmente acontece de dedicar mais empenho e afinco do que o filme
merece.
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