terça-feira, 5 de março de 2019

O Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos

Os Estúdios Disney realizam um novo esforço na tentativa de relacionar mais um conto de fadas clássico ao seu nome no subconsciente imaginário do público. Dos pouquíssimos contos de fadas (talvez, o único) ainda não abordados por uma produção da Disney, “O Quebra-Nozes” é a inspiração da vez –ainda que ele tenha recebido inúmeras adaptações ao longo das décadas, seja em animação, seja em live-action (como “O Quebra-Nozes”, de Andrei Konchalovski).
Dirigido em conjunto por Lasse Halstrom e Joe Johnston, a produção (de fato, visivelmente elaborada do ponto de vista logístico) une a sensibilidade artística do primeiro (diretor dos ótimos “Minha Vida de Cachorro” e “Regras da Vida”) e a habilidade em trucagens digitais do segundo (diretor de “Capitão América-O Primeiro Vingador”).
É com uma exuberância visual típica dos Estúdios Disney que começa a história de Clara Stahlbaum (a encantadora Mackenzie Foy, de “Interestelar”), filha do meio de um melancólico viúvo (Matthew MacFadyen) ainda assolado pela perda.
Na véspera de Natal, Clara recebe um presente que teria sido encomendado por sua falecida mãe: Um mecanismo oval cujo funcionamento depende de uma misteriosa chave que nem seu padrinho (vivido por Morgan Freeman), o mentor de sua mãe na arte da invenção –aptidão que Clara herdou –parece conhecer.
Em meio às comemorações da Noite de Natal, Clara segue um fio dourado supondo que ele a levará até um mero presente –o fio dourado, porém, a transporta para outro mundo (!), e a conduz até a tão almejada chave.
Contudo, nesse mundo –um cenário fantástico que une cidades de avançada tecnologia retro-futurista e florestas sombrias –Clara tem sua chave roubada por um ratinho.
Junto de um soldado chamado Philip Hoffman (Jayden Fowora-Knight), que lembra o boneco quebra-nozes de seu irmão, ela descobre que lá existem quatro reinos unificados por sua mãe, considerada lá a rainha –e de cujo falecimento eles estão ignorantes.
Tais reinos são: O das Flores (cujo regente é interpretado por Eugenio Derbez); o dos Flocos de Neve (regente vivido por Richard E. Grant); o dos Doces (comandado pela Fada Sugar Plum, vivida por Keira Knightley); e o dos Ratos (cuja soberana, Mãe Ginger, vem a ser interpretada por Helen Mirren).
Clara descobre que esses reinos são habitados pelos brinquedos que sua mãe teve –e que, nesse mundo, ela encontrou uma tecnologia que lhes deu vida; a máquina que permitiu tal milagre está inanimada, e só voltará a funcionar por meio da mesma chave que Clara perdeu para um rato, pouco antes.
A chave que agora está com Mãe Ginger, o que leva Clara a tentar aventurar-se na soturna floresta do Reino dos Ratos ao lado de Philip Hoffman, e lá encontrar o fio da meada de uma verdadeira conspiração.
De beleza inquestionável, este “Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos” não poupa recursos para se revelar arrebatador –objetivo que alcança na maioria das vezes em que ele depende de seu aparato técnico; quando depende de aspectos mais circunstanciais, porém (como o roteiro), a produção descobre lá suas deficiências, sobretudo, no difícil manejo de elementos engessadamente eruditos inerentes ao conto original.
É até habitual (e ainda assim digno de nota e reconhecimento) que a Disney emprega a mais arrojada tecnologia para ilustrar e materializar um deslumbre inédito nas histórias de apelo infantil que narra: “O Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos” é um inebriante exemplo desse propósito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário