Os Estúdios Disney realizam um novo esforço na
tentativa de relacionar mais um conto de fadas clássico ao seu nome no
subconsciente imaginário do público. Dos pouquíssimos contos de fadas (talvez,
o único) ainda não abordados por uma produção da Disney, “O Quebra-Nozes” é a
inspiração da vez –ainda que ele tenha recebido inúmeras adaptações ao longo
das décadas, seja em animação, seja em live-action (como “O Quebra-Nozes”, de
Andrei Konchalovski).
Dirigido em conjunto por Lasse Halstrom e Joe
Johnston, a produção (de fato, visivelmente elaborada do ponto de vista logístico)
une a sensibilidade artística do primeiro (diretor dos ótimos “Minha Vida de
Cachorro” e “Regras da Vida”) e a habilidade em trucagens digitais do segundo
(diretor de “Capitão América-O Primeiro Vingador”).
É com uma exuberância visual típica dos
Estúdios Disney que começa a história de Clara Stahlbaum (a encantadora
Mackenzie Foy, de “Interestelar”), filha do meio de um melancólico viúvo
(Matthew MacFadyen) ainda assolado pela perda.
Na véspera de Natal, Clara recebe um presente
que teria sido encomendado por sua falecida mãe: Um mecanismo oval cujo
funcionamento depende de uma misteriosa chave que nem seu padrinho (vivido por
Morgan Freeman), o mentor de sua mãe na arte da invenção –aptidão que Clara
herdou –parece conhecer.
Em meio às comemorações da Noite de Natal,
Clara segue um fio dourado supondo que ele a levará até um mero presente –o fio
dourado, porém, a transporta para outro mundo (!), e a conduz até a tão
almejada chave.
Contudo, nesse mundo –um cenário fantástico que
une cidades de avançada tecnologia retro-futurista e florestas sombrias –Clara
tem sua chave roubada por um ratinho.
Junto de um soldado chamado Philip Hoffman
(Jayden Fowora-Knight), que lembra o boneco quebra-nozes de seu irmão, ela
descobre que lá existem quatro reinos unificados por sua mãe, considerada lá a
rainha –e de cujo falecimento eles estão ignorantes.
Tais reinos são: O das Flores (cujo regente é
interpretado por Eugenio Derbez); o dos Flocos de Neve (regente vivido por
Richard E. Grant); o dos Doces (comandado pela Fada Sugar Plum, vivida por
Keira Knightley); e o dos Ratos (cuja soberana, Mãe Ginger, vem a ser
interpretada por Helen Mirren).
Clara descobre que esses reinos são habitados
pelos brinquedos que sua mãe teve –e que, nesse mundo, ela encontrou uma
tecnologia que lhes deu vida; a máquina que permitiu tal milagre está
inanimada, e só voltará a funcionar por meio da mesma chave que Clara perdeu
para um rato, pouco antes.
A chave que agora está com Mãe Ginger, o que
leva Clara a tentar aventurar-se na soturna floresta do Reino dos Ratos ao
lado de Philip Hoffman, e lá encontrar o fio da meada de uma verdadeira
conspiração.
De beleza inquestionável, este “Quebra-Nozes e
Os Quatro Reinos” não poupa recursos para se revelar arrebatador –objetivo que
alcança na maioria das vezes em que ele depende de seu aparato técnico; quando
depende de aspectos mais circunstanciais, porém (como o roteiro), a produção
descobre lá suas deficiências, sobretudo, no difícil manejo de elementos engessadamente eruditos inerentes ao conto original.
É até habitual (e ainda
assim digno de nota e reconhecimento) que a Disney emprega a mais arrojada
tecnologia para ilustrar e materializar um deslumbre inédito nas histórias de
apelo infantil que narra: “O Quebra-Nozes e Os Quatro Reinos” é um inebriante
exemplo desse propósito.
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