quarta-feira, 6 de março de 2019

Terra Selvagem

Aclamado roteirista de “Sicario” e “A Qualquer Custo”, Taylor Sheridan assume também a função de diretor neste novo roteiro que também reúne em cena os ótimos Jeremy Renner e Elizabeth Olsen, respectivamente, o Gavião Arqueiro e a Feiticeira Escarlate da Marvel Studios, no entanto, tão bons e talentosos eles são que não tarda ao expectador esquecer esse detalhe e reconhece-los pelos personagens que vivem aqui.
Jeremy é Cory Lambert, um caçador de predadores naturais que trabalha nas amplas e gélidas imediações selvagens de uma reserva indígena no Wyoming. Habilmente, os primeiros minutos de filme nos emergem na circunstância dramática do protagonista, um pai ainda a chorar pela morte da filha; marido incapaz de lidar com o luto da esposa (uma descendente dos nativos) e, portanto, dedicado de corpo e alma ao trabalho, ode parece encontrar uma espécie de harmonia.
Essa harmonia sofre um abalo quando Cory encontra o cadáver de uma jovem indígena –outrora amiga de sua filha –com marcas do que parece ter sido uma agressão; a jovem, contudo, morreu de aflições provocadas pelo frio extremo.
De uma postura obtusa em relação ao que se passa nas reservas indígenas, as autoridades enviam para o caso uma agente do FBI quase principiante, ainda que dedicada, Jane Banner (Elizabeth), que não demora a notar a habilidade nata de Cory para extrair pistas fundamentais dos indícios da neve.
Ao lado dele e do chefe de polícia tribal Ben (Graham Greene, de “Dança Com Lobos”) eles formam uma parceria na tentativa de elucidar o caso.
Com isso, a narrativa de Sheridan explora com riqueza as três facetas dramaticamente relevantes relacionadas aos protagonistas: A morte da garota que, para Cory, reflete as circunstâncias da morte da própria filha, e que o instigam, assim, a usar suas assombrosas capacidades de rastreamento para perseguir o assassino; a luta da jovem agente Banner (numa evocação à “O Silêncio dos Inocentes”) buscando se impor num ambiente rude que a ignora e a subestima; e o algo resignado chefe de polícia, a frente da investigação de um crime para o qual ele sabe que (como tantos outros) as autoridades viraram as costas –o filme de Taylor Sheridan, em sua observação cuidadosa e criteriosa aponta o dedo para o descaso experimentado pelos povoados nativos no âmbito da jurisdição penal.
Ainda que haja brilho e relevância nesse aspecto, “Terra Selvagem” jamais se acomoda nele: Prefere, em vez disso, exercitar sua própria excelência cinematográfica se fazendo eficaz em seu drama; tenso e palpitante em seu suspense; e elaborado e intrigante na medida certa em sua trama policial.
O resultado desse acerto em tantas instâncias é um filmaço.

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