A segunda incursão do ator Joel Edgerton na
direção depois do suspense “O Presente” tem uma inclinação muito mais drástica
ao drama.
Australiano, Edgerton trouxe para seu filme as
presenças dos astros Nicole Kidman e Russel Crowe, também eles australianos,
promovendo assim o primeiro encontro deles na tela.
Contudo, é o jovem Lucas Hedges (de “Lady Bird”
e “Manchester À Beira-Mar”) que protagoniza o filme. Ele vive o jovem Jared
Eamons, filho de pais fervorosamente religiosos (o casal formado por Nicole e
Crowe).
Quando as tendências homossexuais de Jared
começam a ficar mais evidentes após sua ida para a faculdade, o pai –que era
pastor religioso –toma uma atitude radical, aconselhado pelos anciões de sua
congregação: Interna Jared numa instituição que alardeia uma espécie de “cura
gay”.
A ida para lá –aos cuidados do pregador Victor
Sykes, vivido pelo próprio Joel Edgerton –e a rotina esmagadora da qual vai
gradativamente se conscientizando é o cerne dramático em torno do qual o filme
gira.
Não totalmente desprendido dos expedientes de
gênero de seu trabalho anterior, Joel Edgerton ainda faz de seu filme, em
alguns aspectos, um suspense: Ele lança mão de flashbacks, artimanhas e da
construção de clima para tentar capturar a atenção do expectador.
Entre o talento genuíno do
elenco notável que conseguiu reunir, o drama humano bastante válido ao qual
tenta dar voz e sua tendência inconsciente de inclinar-se ao enfadonho, “Boy
Erased” atinge um resultado dúbio: Quer ser contundente na medida em que quer
ser também pretensamente comercial –duas facetas que se neutralizam o tempo
todo –terminando nem muito lá, nem cá; seu retrato dos percalços angustiantes
de aceitação do homossexualismo tem em Lucas Hedges um intérprete capaz e perspicaz,
mas perde disparado, no todo, para as grandes obras que já versaram sobre esse
mesmo tema.
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