sexta-feira, 17 de maio de 2019

Boy Erased - Uma Verdade Anulada

A segunda incursão do ator Joel Edgerton na direção depois do suspense “O Presente” tem uma inclinação muito mais drástica ao drama.
Australiano, Edgerton trouxe para seu filme as presenças dos astros Nicole Kidman e Russel Crowe, também eles australianos, promovendo assim o primeiro encontro deles na tela.
Contudo, é o jovem Lucas Hedges (de “Lady Bird” e “Manchester À Beira-Mar”) que protagoniza o filme. Ele vive o jovem Jared Eamons, filho de pais fervorosamente religiosos (o casal formado por Nicole e Crowe).
Quando as tendências homossexuais de Jared começam a ficar mais evidentes após sua ida para a faculdade, o pai –que era pastor religioso –toma uma atitude radical, aconselhado pelos anciões de sua congregação: Interna Jared numa instituição que alardeia uma espécie de “cura gay”.
A ida para lá –aos cuidados do pregador Victor Sykes, vivido pelo próprio Joel Edgerton –e a rotina esmagadora da qual vai gradativamente se conscientizando é o cerne dramático em torno do qual o filme gira.
Não totalmente desprendido dos expedientes de gênero de seu trabalho anterior, Joel Edgerton ainda faz de seu filme, em alguns aspectos, um suspense: Ele lança mão de flashbacks, artimanhas e da construção de clima para tentar capturar a atenção do expectador.
Entre o talento genuíno do elenco notável que conseguiu reunir, o drama humano bastante válido ao qual tenta dar voz e sua tendência inconsciente de inclinar-se ao enfadonho, “Boy Erased” atinge um resultado dúbio: Quer ser contundente na medida em que quer ser também pretensamente comercial –duas facetas que se neutralizam o tempo todo –terminando nem muito lá, nem cá; seu retrato dos percalços angustiantes de aceitação do homossexualismo tem em Lucas Hedges um intérprete capaz e perspicaz, mas perde disparado, no todo, para as grandes obras que já versaram sobre esse mesmo tema.

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