O primeiro “Zumbilândia” até por seu grau de
acerto em tantos níveis de sua proposta de diversão pedia, há tempos, por uma
continuação.
O problema é que essa continuação demorou um
bocado para sair, como atestam os longos dez anos que separam este e o primeiro
filme.
Durante esse período tentou-se emplacar uma
mal-fadada (e hoje pouco lembrada) série de TV oriunda do filme, de resultado
pífio, os zumbis se tornaram uma presença constante e sob ameaça de defasagem
na cultura pop graças ao seriado “The Walking Dead” e o seu elenco, sobretudo
Emma Stone e Jesse Eisenberg (ela, vencedora do Oscar por “La La Land-Cantando
Estações”; ele, indicado ao Oscar por “A Rede Social”), adquiriu renome e
reconhecimento a ponto de ser um pouco estranho vê-los de volta aos seus
alucinados personagens de início de carreira.
E é exatamente isso, estranhamento, que mais
emana desta sequência: Em parte também pelo humor nem sempre funcional que
contamina alguns momentos, tornando evidente uma já esperada incapacidade em
recuperar a química precisa do filme original.
No mundo pós-apocalíptico conhecido por
Zumbilândia, segundo a narração de Columbus (Jesse Eisenberg, envelhecendo
rápido), reencontramos ele, sua namorada Wichita (a maravilhosa Emma Stone), a
irmã dela, Little Rock (Abigail Breslin, longe da menininha vista no primeiro
filme) e o impagável Tallahassee (Woody Harrelson, sempre fabuloso) ocupando a
própria Casa Branca dos EUA, e por lá se estabelecendo como num lar.
Contudo, passado algum tempo, a rotina incomoda
as mulheres: Little Rock sente-se sufocada pelo cuidado demasiado de
Tallahassee, que ainda a vê como criança, enquanto que Wichita reluta em
aceitar o pedido de casamento de Columbus.
Diante dessa inadequação, as duas partem para a
estrada, deixando os dois em circunstâncias muito parecidas com as quais
começaram o primeiro filme. Columbus, porém, não demora a achar algum consolo;
e se envolve com a alienada patricinha Maddison (Zoey Deutch, de “O Artista do Desastre”, entregando uma atuação espantosa) cuja falta de noção soa
ocasionalmente irreal no contexto de sobrevivência do filme.
Entretanto, a própria Wichita foi abandonada
por Little Rock –que resolveu fugir junto de um hippie pacifista (!) –e agora,
precisa do auxílio de Columbus e Tallahassee para seguir sua pista até
Graceland (onde cruzam com os personagens de Rosario Dawson, Luke Wilson e
Thomas Middleditch) e de lá para a comunidade denominada Babilônia –um lugar
criado por uma nova e inacreditável geração de hippies que aboliram os uso de
armas de fogo; mesmo que cercados de zumbis (!).
O grupo dos protagonistas chega lá a tempo de
salvá-los de uma grande encrenca: Às três categorias conhecidas de zumbis, os
Homers (os burros e lerdos), os Hawkings (dotados de inesperada inteligência) e
os Ninjas (os silenciosos e ágeis que atacam furtivamente), soma-se uma nova,
os T-800s (tal e qual o antagonista de “O Exterminador do Futuro”, mais fortes,
mais resistentes e mais robustos, os quais dois tiros usuais na cabeça –como no
título! –não são meramente capazes de pará-los!), e é justamente uma horda
ensandecida deles que busca invadir a pacífica Babilônia.
Nota-se os esforços contínuos dos roteiristas
Rhet Reese, Paul Winnick (ambos do primeiro filme) e Dave Callaham, além de seu
elenco, para tornar este segundo filme tão divertido e engraçado quanto o
primeiro. As soluções encontradas pelo roteiro podem até envolver e garantir
alguma graça durante o tempo de duração do filme, mas ele nunca consegue
igualar a inspiração flagrante do original –em parte, porque comédia é algo que
se faz com espontaneidade, item escasso na maior parte do filme, substituído
por uma histeria que o diretor Ruben Fleischer parece confundir com comicidade.
Não é de todo o ruim: Há
alguns momentos realmente engraçados, a sintonia entre os protagonistas (salvo,
talvez, o deslocamento de Abigail Breslin) continua afinada e carismática, e um
ou outro acréscimo no elenco contribui com novas risadas, porém, há algo de
muito errado no filme quando percebemos que sua melhor cena, anos-luz a frente
de todas as outras, é a sequência surpresa nos créditos finais com a
sensacional participação de Bill Murray.
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