Parte do ciclo surgido em algum ponto entre os
anos 1960 e 70 conhecido como ‘Eco-Terror’ –uma das variações do terror onde os
incautos humanos eram vitimados pelas forças da natureza, animais em geral
–“Calafrio” (ou “Willard”, no original) é bem menos famoso que sua continuação,
“Ben-O Rato Assassino”; embora este também seja famoso mais por sua
música-título, entoada por um muito jovem Michael Jackson, do que por seu
sucesso ou qualidade.
“Calafrio” conta a história de Willard Stiles (Buce
Davidson, de “X-Men-O Filme”), um jovem de vinte e sete anos que
experimenta o tipo de submissão que, desde os tempos do “Psicose”, de
Hitchcock, o público tem consciência que leva à psicopatia: Willard é
subordinado de seu chefe, Martin (Ernest Bornigne) na firma que seu próprio pai
ajudou a fundar antes de morrer. Como se as humilhações em horário de trabalho
já não fossem o bastante, Willard tem esse detalhe o tempo todo lembrado em
casa, graças aos resmungos incessantes da mãe (Elsa Lanchaster) cuja saúde
debilitada a transformou numa indireta torturadora psicológica do próprio
filho.
A medida que essa rotina tortuosa se
intensifica –com o asqueroso Chefe Martin fazendo cada vez mais pressão para
Willard desfazer-se da casa em que vive –Willard cria ‘laços’ com a fauna
animal que prolifera em seu mal-cuidado quintal. Leia-se: Os ratos!
Dois ratos se destacam em meio à horda que
cresce exponencialmente dia-a-dia: O pequeno ratinho branco Sócrates, amigo
leal e pacato de Willard, e a enorme e esperta ratazana Ben que constrói com
Willard um laço de desconfiança mútua.
Hábil, a direção de Daniel Mann tira proveito
de ocasiões domésticas para construir os expedientes de seu suspense,
disfarçando com propriedade e certo talento os limitadíssimos recursos que a
produção dispõe e o fato de que pouca coisa de fato acontece na maior parte do
tempo. Já no caminho para seu clímax, o filme de Mann afunila tensões com a
morte da mãe de Willard –e a consequente necessidade dele tomar as rédeas da
própria vida adulta –com a introdução de um malfadado interesse amoroso (nas
curvas da bela e esguia Sondra Locke, de “Death Game”) e com a morte
trágica de Sócrates (o que desestabiliza o já pouco instável Willard e
restringe a liderança da horda de ratos apenas ao perigoso Ben).
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