segunda-feira, 3 de maio de 2021

A Morte e Vida de Charlie


 Revelado no fenômeno adolescente “High School Musical”, o ator Zac Efron demonstrou capacidade em muitos projetos distintos que foram além da obra juvenil que iniciou sua carreira. Um desses projetos foi esta adaptação do best-seller de Ben Sherwood cujo objetivo, nem um pouco disfarçado, é levar a plateia às lágrimas. O resultado –de qualidade satisfatória –mostra que tal objetivo foi atingido por meio de méritos genuínos e sem abraçar obviedades na maior parte do tempo.

Morador de uma cidadezinha costeira, o jovem Charlie St. Cloud (Efron) vive com sua família que restringe-se à mãe enfermeira (Kim Basinger) e ao irmão pequeno Sammy (Charlie Tahan, de “Eu Sou A Lenda”). A vida segue seu rumo normal quando Charlie, que fez fama na cidade como campeão velejador, obtém uma bolsa de estudos na Universidade de Stanford e prepara-se para deixar o lugar, para ressentimento do seu irmão mais novo, para quem Charlie é um ídolo e companheiro.

Entretanto, a trama dá uma imprevista guinada quando Charlie, numa noite em que a mãe dos dois fez plantão, envolve-se num trágico acidente automobilístico com Sammy.

Charlie é milagrosamente revivido por um paramédico (vivido por Ray Liotta), mas, para Sammy já é tarde.

Contudo, Sammy não deixa Charlie em definitivo: Honrando uma promessa que fizeram em vida –de encontrarem-se, todos os dias, ao pôr-do-sol para treinarem beisebol –Sammy retorna, ao entardecer para Charlie, e somente para ele.

Com isso, nos cinco anos seguintes, Charlie abdica da universidade, dos campeonatos marítimos e de qualquer tipo de futuro, para não ter de despedir-se de seu irmão caçula, que mesmo falecido continua a visitá-lo ao fim de todas as tardes. Trabalhando assim como zelador do cemitério local, em consequência disso, Charlie se torna o ‘esquisitão da cidade’ embora ninguém –nem mesmo ele –se dê conta do dom mediúnico que ele adquiriu naquele acidente: O fantasmo de outro amigo, falecido em exercício como cadete do exército (vivido por Dave Franco) também lhe aparece numa breve, mas significativa cena.

É a jovem Tess (Amanda Crew, de “Evocando Espíritos” e “Sex Drive-Rumo Ao Sexo”), outra jovem velejadora do lugar, quem aparecerá para tentar libertar Charlie das prisões existenciais a que ele se impôs, e que o impedem de viver plenamente e encerrar seu luto.

Dirigido com hegemonia e transparência por Burr Steers (de “Orgulho & Preconceito & Zumbis”), “A Morte e Vida de Charlie” é um drama com pitadas de romance e até de certa aventura que se encaixaria com perfeição em meio aos ‘clássicos da sessão da tarde’ tão inofensivo e abertamente emotivo ele é –trata-se exatamente de uma dessas produções hollywoodianas feita sob medida para adequar-se ao gosto do público, sem ofendê-lo e sem exacerbá-lo, veículo perfeito para um astro emergente. A diferença é que, no mais, ele acerta em tudo que deveria: O astro em questão, Zac Efron, tem talento o bastante para sair-se bem em cativar o público feminino sem irritar o público masculino, a trama –com algumas reviravoltas até bastante pontuais, inesperadas e capazes de preservar o interesse na narrativa –não é condescendente para com os expectadores e o trabalho da direção conduz o filme com bela noção de ritmo, lógica e atmosfera.

Trocando em miúdos: Não é nada fora do comum, mas funciona que é uma beleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário