Revelado no fenômeno adolescente “High School Musical”, o ator Zac Efron demonstrou capacidade em muitos projetos distintos que foram além da obra juvenil que iniciou sua carreira. Um desses projetos foi esta adaptação do best-seller de Ben Sherwood cujo objetivo, nem um pouco disfarçado, é levar a plateia às lágrimas. O resultado –de qualidade satisfatória –mostra que tal objetivo foi atingido por meio de méritos genuínos e sem abraçar obviedades na maior parte do tempo.
Morador de uma cidadezinha costeira, o jovem
Charlie St. Cloud (Efron) vive com sua família que restringe-se à mãe
enfermeira (Kim Basinger) e ao irmão pequeno Sammy (Charlie Tahan, de “Eu Sou A Lenda”). A vida segue seu rumo normal quando Charlie, que fez fama na cidade
como campeão velejador, obtém uma bolsa de estudos na Universidade de Stanford
e prepara-se para deixar o lugar, para ressentimento do seu irmão mais novo,
para quem Charlie é um ídolo e companheiro.
Entretanto, a trama dá uma imprevista guinada
quando Charlie, numa noite em que a mãe dos dois fez plantão, envolve-se num
trágico acidente automobilístico com Sammy.
Charlie é milagrosamente revivido por um
paramédico (vivido por Ray Liotta), mas, para Sammy já é tarde.
Contudo, Sammy não deixa Charlie em definitivo:
Honrando uma promessa que fizeram em vida –de encontrarem-se, todos os dias, ao
pôr-do-sol para treinarem beisebol –Sammy retorna, ao entardecer para Charlie,
e somente para ele.
Com isso, nos cinco anos seguintes, Charlie
abdica da universidade, dos campeonatos marítimos e de qualquer tipo de futuro,
para não ter de despedir-se de seu irmão caçula, que mesmo falecido continua a
visitá-lo ao fim de todas as tardes. Trabalhando assim como zelador do
cemitério local, em consequência disso, Charlie se torna o ‘esquisitão da
cidade’ embora ninguém –nem mesmo ele –se dê conta do dom mediúnico que ele
adquiriu naquele acidente: O fantasmo de outro amigo, falecido em exercício
como cadete do exército (vivido por Dave Franco) também lhe aparece numa breve,
mas significativa cena.
É a jovem Tess (Amanda Crew, de “Evocando
Espíritos” e “Sex Drive-Rumo Ao Sexo”), outra jovem velejadora do lugar, quem
aparecerá para tentar libertar Charlie das prisões existenciais a que ele se
impôs, e que o impedem de viver plenamente e encerrar seu luto.
Dirigido com hegemonia e transparência por Burr
Steers (de “Orgulho & Preconceito & Zumbis”), “A Morte e Vida de Charlie” é um
drama com pitadas de romance e até de certa aventura que se encaixaria com
perfeição em meio aos ‘clássicos da sessão da tarde’ tão inofensivo e
abertamente emotivo ele é –trata-se exatamente de uma dessas produções
hollywoodianas feita sob medida para adequar-se ao gosto do público, sem
ofendê-lo e sem exacerbá-lo, veículo perfeito para um astro emergente. A
diferença é que, no mais, ele acerta em tudo que deveria: O astro em questão,
Zac Efron, tem talento o bastante para sair-se bem em cativar o público
feminino sem irritar o público masculino, a trama –com algumas reviravoltas até
bastante pontuais, inesperadas e capazes de preservar o interesse na narrativa
–não é condescendente para com os expectadores e o trabalho da direção conduz o
filme com bela noção de ritmo, lógica e atmosfera.
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