Os amigos Dean (Zac Efron), J.T. (Andrew Santino, de “O Artista do Desastre”) e Wes (Jermaine Fowler, de “Judas e O Messias Negro”), como qualquer ser humano, desde criança alimentaram o hábito de cometerem, vez ou outra, alguma besteira. Contudo, numa noite de Halloween, quando sem querer colocando fogo inadvertidamente na casa de um vizinho antipático, os três têm uma ideia que definiria suas vidas a partir dali: A fim de livrarem-se das consequências inevitáveis das encrencas que arrumaram, eles bolaram um amigo fictício, um certo Ricky Stanicky que, por ser um bon-vivant, adepto de viver a vida ao máximo (segundo eles, foi ao mesmo tempo viciado em drogas, viajante contumaz e ativista ecológico!), termina sendo o personagem central de todas as presepadas nas quais os três se envolviam –desde a adolescência até a vida adulta, diga-se!
Mesmo depois de casados –e com, pelo menos, um
deles, T.J., se tornado pai –eles ainda recorrem à Ricky Stanicky como forma de
justificar pequenas escapulidas dos compromissos e responsabilidades.
Entretanto, durante a celebração do batismo
judeu do filho recém-nascido de J.T., ele, Dean e Wes são pressionados por seus
cônjuges e familiares a finalmente convidar Ricky Stanick a fim de que todos os
conheçam; até porque, aqui e ali, já existem alguns que começam a suspeitar, de
sua real existência.
Para Dean, o principal defensor da ilusão de
Ricky Stanicky, a manutenção da mentira é essencial para terem sempre uma
válvula de escape para suas vidas estressantes. E com isso, os três têm a ideia
de contratar Rod Rimestead (John Cena, em perfeita sintonia com o humor
grosseiro do filme), um ator decadente e cheio da lábia, especializado em
apresentar-se com versões humorísticas (pra não dizer vexaminosas) de músicas
famosas.
Sem muita alternativa –sua vida se resume a
apresentações mambembes, bebedeiras e passar a perna em terceiros para não
passar fome! –Rod topa o trabalho e, no dia da celebração, sua dedicação ao
papel de Ricky Stanicky se revela tão esmerada que ele não só convence a todos,
como provoca um verdadeiro abalo sísmico nas vidas de Dean, J.T. e Wes.
A comédia politicamente incorreta –que praticamente
desapareceu das telas de cinema nos últimos anos –havia sido uma especialidade
do diretor Peter Farrelly, quando ainda dirigia em parceria com seu irmão
Bobby, em décadas passadas. Após alguns filmes de menor expressão na
experimentação de gêneros mais distintos e de uma inesperada vitória do Oscar
(com o elogiado “Green Book-O Guia”), Peter Farrelly ensaia este retorno às
raízes que, se denota uma perda até natural da desenvoltura para comédia que
antes ostentava, representa, sem sombra de dúvidas, um respiro de ar fresco em
meio ao circuito comercial, numa época em que o público não se surpreende com
absolutamente nada e se ofende com absolutamente tudo; assim como o foi “Que Horas Eu Te Pego?” no ano passado.
“Ricky Stanicky” passa longe de ser um filme
perfeito –ele não está nem mesmo entre os melhores trabalhos dos Farrelly –e a
insistência de Peter em piadas referentes à pênis e a masturbação (!) é, no
mínimo, incômoda, mas, a construção relativamente esmerada na estrutura de seu
enredo (ainda que essa minúcia possa passar despercebida em meio ao seu intenso
humor chulo) e as presenças significativas de seu elenco (Zac Efron já havia
trabalho com Peter em “Operação Cerveja”, e além de John Cena, com sua persona desesperada, patética e algo comovente, o veterano
William H. Macy está particularmente sensacional) apontam um diretor sempre
disposto a se manter acima da média.
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