segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Algumas previsões para o Oscar 2022...

 No dia 8 de fevereiro de 2022 serão anunciados os indicados aos Oscar, e no dia 27 de março, dentre esses indicados, serão anunciados, por fim, os vencedores, as obras nomeadas pela Academia de Artes Cinematográficas como as melhores do ano. Sendo assim, é justo afirmar que, neste presente momento em que você lê estas linhas, a temporada de prêmios já se iniciou. Como na temporada anterior, as circunstâncias da pandemia tornam mais nebulosas as chances de palpites certeiros, com filmes podendo serem adiados e/ou lançados a qualquer momento –inclusive nas plataformas de streaming, de onde obras muito premiadas dos últimos anos andaram saindo. A imprevisibilidade dessas novas condições torna mais desafiador apontar prováveis eleitos e favoritos reais, mas, vamos tentar.


 A Crônica Francesa

Cada nova obra de Wes Anderson é um deleite. Diretor desigual, de um estilo que se aprimora a cada projeto, ele acrescenta, neste “A Crônica Francesa” um tom engajado e reflexivo ao primor narrativo de sempre e à excelência técnica que seus filmes já costumam oferecer. O elenco extenso e estelar é um convite à premiações, e dificilmente a Academia deixará este filme passar despercebido.


 Não Olhe Para Cima

A maior produção da Netflix até então, “Não Olhe Para Cima” é extraordinariamente ambicioso: Além de colocar encabeçando seu fenomenal elenco a dupla Leonardo Dicaprio e Jennifer Lawrence (provavelmente os dois maiores astros da atualidade), o filme tem direção e roteiro do aclamado Adam McKay, autor de dois filmes audazes, perspicazes e inteligentes que causaram rebuliço nos últimos anos, “A Grande Aposta” e “Vice”. Não obstante, as primeira críticas apontam uma obra brilhantemente equilibrada entre a sátira política e a competência cinematográfica, um “Dr. Fantástico” dos novos tempos.


 Amor Sublime Amor

O simples fato de ser um filme de Steven Spielberg já lança imediata luz sobre este projeto, agendado para estrear no fim do ano passado, mas adiado em um ano, assim como tantos outros. No entanto, “Amor, Sublime Amor” é também a audaz refilmagem de um filme, em princípio, impossível de se refilmar: O clássico tido como intocável de 1961, dirigido por Robert Wise e Jerome Robbins, ganhador de nada menos do que 10 prêmios Oscar! Ao mesmo tempo, Spielberg realiza aqui um sonho: O de enfim dirigir um filme musical; desejo que ele só chegou perto de realizar na cena de abertura de “Indiana Jones e O Templo da Perdição”. Não apenas o nome de um dos maiores diretores de cinema da atualidade (senão O maior) destaca este filme, como o fato de que todos os trabalhos de Spielberg recebem grande atenção no Oscar –e, com efeito, são obras excelentes.


 Duna-Primeira Parte

O clássico literário “Duna”, de Frank Herbert, transcorreu um longo e tortuoso caminho até ganhar uma adaptação digna e satisfatória para cinema. “Duna”, de Denis Vileneuve –que se incumbe de transpor a primeira parte do livro para as telas –segue percalços muito semelhantes à “O Senhor dos Anéis-A Sociedade do Anel”, de Peter Jackson, passando inclusive pelo belo desempenho de bilheteria e pela aclamação praticamente unânime da crítica. Além disso, a Academia adora quando Vileneuve se aventura com êxito no terreno da ficção científica, vide o reconhecimento caloroso dado à seus projetos anteriores, “A Chegada” e “Blade Runner 2019”.


 Spencer

O diretor chileno, Pablo Larraín, parece ter se especializado em grandes biografias de figuras fundamentais do Século XX. Ele já havia colecionado elogios tremendos por seu excelente “Jackie”, e tudo indica que repetirá a dose com “Spencer” –e, de quebra, ainda pode obter a primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Kristen Stewart –que desvenda a intimidade da icônica Princesa Diana.


 Casa
Gucci

Outro diretor cujos trabalhos, adentrem o gênero que adentrarem, frequentemente monopolizam as atenções da Academia é Ridley Scott. Aqui, ele abandona os épicos de praxe para focar numa trama que remonta a história real do assassinato de um herdeiro da grife Gucci por sua ex-esposa, Patrizia Reggiani. Como a maioria dos filmes com fortes predisposições para competir ao Oscar, este tem um elenco estelar escolhido à dedo: Lady Gaga (uma atriz consumada após o sucesso de “Nasce Uma Estrela”), Adam Driver, Jared Leto, Al Pacino, Jeremy irons e Salma Hayek.


 The Tragedy Of
Macbeth

Vinte e um anos depois dos Irmãos Coen terem realizado “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”, adaptando a obra de James Joyce, “Ulisses” para uma pitoresca ambientação norte-americana, eles, de certa forma, tentam algo parecido com “The Tragedy Of Macbeth”, dando sua visão ímpar, incomum e certamente magistral para a conhecida tragédia criada por William Shakespeare, contando com o magnífico par central interpretado por Denzel Washington e Frances McDormand –ela, esposa de Joel Coen, um dos diretores, e vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “Nomadland” na última premiação.


 Cry
Macho

Já de avançada idade, cada novo filme dirigido e estrelado por Clint Eastwood parece soar como sua despedida, seu testamento. Assim pareceu ser o elogiado “A Mula”, e assim parece “Cry Macho” que, sob muitos aspectos lança uma circunspecta luz analítica sobre as facetas humanas da persona à qual o próprio Clint Eastwood foi muito relacionado em toda sua carreira. Não deixa de ser uma proposta que remete ao elogiado “Os Imperdoáveis” que deu a ele o Oscar 1992 de Melhor Filme.


 Noite Passada Em Soho

O diretor Edgar Wright é um dos mais originais e brilhantes estetas a surgir no cinema nos últimos anos. Trabalhos como “Todo Mundo Quase Morto”, “Scott Pilgrim Contra O Mundo” ou “Em Ritmo de Fuga” proporcionam experiências cinematográficas plenas e inquestionáveis  e uma sintonia fora do comum com o que há de mais arrojado na cultura pop. Há tempos pedindo por um reconhecimento, Wright entrega agora uma obra vibrante, desafiadora  e surpreendente ao acessar ecos subconscientes do elogiado cinema da década de 1970 –como o ‘giallo’ e o Novo Cinema Britânico –e ainda traz duas protagonistas maravilhosas: Thomasin McKensie (de “Jojo Rabbit”) e Anya Taylor-Joy (de “O Gambito da Rainha”).

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