E então chegou a hora. Chegou da hora de descobrir
qual será o desenlace da guerra que irá transformar Panem para sempre.
Chegou a hora de sabermos para qual lado
penderá o coração de Katniss: se para o lado de Peeta, o garoto com quem ela
sobreviveu aos Jogos Vorazes no primeiro filme, e ao Massacre Quaternário, no
segundo, e que no terceiro viu ser transformado numa arma para matá-la; ou se
para o lado de Gale, o seu melhor amigo, com quem ela aprendeu a caçar para
alimentar a mãe e a irmã, e que era a única pessoa em quem ela confiava, pelo
menos, até ser levada para os Jogos, e tudo então se transformar.
Chegou, afinal, a hora de acompanharmos esses
personagens, e cada um de seus percalços nos últimos passos de sua trajetória.
Tantas são as tramas, tantas são as emoções
herdadas de todos os filmes anteriores, que é quase impossível este aqui não
ter uma atmosfera toda especial, e o diretor Francis Lawrence parece ter
completa consciência disso: Cada enquadramento, cada cena é um esforço de pura
minúcia em fazer desta uma obra condizente com sua fonte literária: Os livros
escritos por Suzanne Collins, relatando a saga da menina Katniss Everdeen, com
emoções vivazes, uma conscientização inédita de seu público em relação às
mazelas do mundo ao seu redor, e uma dedicação rigorosa ao critério da necessidade:
Tudo, absolutamente tudo está ali a serviço da história, e Suzanne Collins não
tem dó de sacrificar seus personagens (mesmo os mais queridos), nem as emoções
do público, em nome desse princípio.
Nos vinte minutos finais, o filme parece nos
lembrar (em pequenos e preciosos detalhes) que “Jogos Vorazes” está chegando ao
seu fim: Não mais veremos Katniss outra vez (e na interpretação cheia de força
e de vida de Jennifer Lawrence, essa constatação ganha ainda mais tristeza);
não mais veremos Josh Hutcherson interpretar Peeta Melark (e, talvez, por
perceber isso, aqui, o ator finalmente dá ao personagem toda a energia que ele
merecia). Este filme, é portanto, a despedida de todos eles. Gale Hawthorne,
Effie Trinket, Haymitch, Prim, Finnick. Todos aqueles cujos destinos
acompanhamos no coração dessa revolução.
A câmera de Francis Lawrence enlaça seus
personagens, num ritmo todo particular, como se o diretor fosse incapaz de
deixá-los partir para sempre.
Ao fim, após tantas cenas poderosamente tensas,
de perigos desconcertantes, e sensações atrozes, ele escolhe encerrar seu filme
em família, lembrando-nos aquilo que é mais precioso.
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