quarta-feira, 25 de maio de 2016

Hamlet

“Ser ou não ser... eis a questão.” O protagonista existencialista de “Hamlet” questionava até mesmo o ato de existir. Não era a toa que sua vida dava espaço para o desiludido questionamento: Seu pai faleceu, e em apenas um mês, seu tio terminou desposando sua mãe, o que levou Hamlet a ser visitado pelo fantasma de seu pai, que lhe convocava para representá-lo em sua vingança.
Assim se constrói uma das peças de Shakespeare mais famosas de todos os tempos, traduzida e preservada na integridade de suas quase intransponíveis quatro horas de duração pelo ator e diretor Kenneth Brannagh. Como é um ator, Brannagh enfatiza seu elenco monumental através da narrativa, fornecendo a eles planos longos, à vezes intermináveis, onde podem declamar o bardo na íntegra, e também dá prioridade ao texto, o que termina evidenciando sua verborragia.
É um trabalho perigosamente disperso, no qual o expectador desavisado corre o risco de ser esmagado por uma narrativa de teor, tamanho e envergadura tão exuberantes, raramente vista no atual circuito comercial.

  Fiel à sua formação de origem (o teatro), Brannagh realizou um grande filme, ainda que bastante difícil e denso, honrando seu elenco majestoso (e composto por inúmeros colaboradores) e a verve do autor, cuja genialidade ele dedicou boa parte de sua filmografia a ressaltar: William Shakespeare.

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