“Ser ou não ser... eis a questão.” O
protagonista existencialista de “Hamlet” questionava até mesmo o ato de
existir. Não era a toa que sua vida dava espaço para o desiludido
questionamento: Seu pai faleceu, e em apenas um mês, seu tio terminou
desposando sua mãe, o que levou Hamlet a ser visitado pelo fantasma de seu pai,
que lhe convocava para representá-lo em sua vingança.
Assim se constrói uma das peças de Shakespeare
mais famosas de todos os tempos, traduzida e preservada na integridade de suas
quase intransponíveis quatro horas de duração pelo ator e diretor Kenneth
Brannagh. Como é um ator, Brannagh enfatiza seu elenco monumental através da
narrativa, fornecendo a eles planos longos, à vezes intermináveis, onde podem
declamar o bardo na íntegra, e também dá prioridade ao texto, o que termina
evidenciando sua verborragia.
É um trabalho perigosamente disperso, no qual o
expectador desavisado corre o risco de ser esmagado por uma narrativa de teor,
tamanho e envergadura tão exuberantes, raramente vista no atual circuito
comercial.
Fiel à
sua formação de origem (o teatro), Brannagh realizou um grande filme, ainda que
bastante difícil e denso, honrando seu elenco majestoso (e composto por
inúmeros colaboradores) e a verve do autor, cuja genialidade ele dedicou boa
parte de sua filmografia a ressaltar: William Shakespeare.
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