terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 1

O começo do fim. Desde os eventos irreversíveis do desfecho de “O Enigma do Príncipe” –isto é, a morte de Dumblodore e a opção definitiva (ou não) de Severo Snape em aliar-se ao mal –o clima obtido para este derradeiro filme era de urgência com uma notável atmosfera de inevitabilidade.
Ainda assim, os produtores não deixaram de fazer das suas para ficar um tempo a mais com a galinha dos ovos de ouro em mãos: Ao adaptar o último livro da saga, optou-se pela decisão de realizar não um, mas dois filmes extraídos do livro, com a desculpa (bastante razoável e bastante significativa para ambos os filmes) de que o máximo do material literário poderia ser mantido na adaptação.
Portanto, esta primeira parte de “As Relíquias da Morte” abrange cerca de 60% do livro, reservando os desenlaces mais contundentes para a segunda parte, o quê não impede este de ser, também ele, um trabalho muito bom.
Harry Potter está prestes a completar dezessete anos, e com isso, o feitiço de proteção que o mantinha a salvo na casa de seus tios irá se acabar. A fim de salvá-lo e levá-lo a um lugar seguro, já no início do filme, vários personagens (muitos introduzidos ao longo dos diversos filmes anteriores) unem-se para despistar os terríveis Comensais da Morte –e já nessa cena eletrizante, o diretor David Yates mostra que não está para brincadeiras. Ele exibe a escala de cenas de ação ampliada desde o memorável filme anterior, ostenta um domínio vertiginoso de narrativa que, mesmo sendo este seu terceiro filme na franquia, continua a surpreender, e não poupa o expectador e seus personagens de apuros ameaçadores de verdade; o conto de fadas pueril vislumbrado em “A Pedra Filosofal” há tempos não existe mais.
Após a breve e alentadora cena de casamento entre Gui (Doomhaal Gleeson), irmão de Rony, e Fleur (de “O Cálice de Fogo”) as circunstâncias imediatamente se complicam: O Ministério de Magia é invadido e dominado pelos Comensais da Morte. O Lorde das Trevas, Voldemort, passa a comandar então o mundo bruxo.
Harry, Rony e Hermione fogem e, ao longo de meses absolutamente angustiantes, passam a viver de maneira nômade, tentando encontrar uma forma de dar prosseguimento ao plano de Dumblodore –de achar as ‘horcruxes’, que contêm fragmentos da alma de Voldemort, para que possam assim matá-lo –sem, no entanto, nenhum recurso, nenhum auxílio e nenhuma informação.
E é a partir daí que Hermione tem a oportunidade de brilhar como nunca o fez antes, tanto pela imensa funcionalidade da personagem, como pelo talento e carisma da atriz que a interpreta, a bela Emma Watson.
Enquanto isso, e de maneira narrativamente sucinta (ainda que perspicaz), o filme mostra a extensão do mal no mundo bruxo, com Hogwarts sendo dominada por Comensais da Morte (Severo Snape é nomeado seu novo diretor), o Ministério da Magia trabalhando em função da obliteração de pessoas normais, destituídas de magia, e o nome de Harry Potter difundido como o “Indesejável Nº 1”.
São todas informações que ratificam a sensação de desamparo experimentada pelos jovens protagonistas, e que este filme é imensamente feliz em compartilhar com o público –em grande parte, auxiliado pela fácil identificação do expectador com personagens que ele já conhece há anos; e que, em muitos casos da plateia, cresceram junto com os próprios atores principais.
Como numa espécie de tradição que a série passou a adotar desde “O Cálice de Fogo”, os realizadores escolheram, como ponto de ruptura na narrativa do livro, a sequência fatídica e consternadora da morte de um querido personagem para encerrar este filme –uma jogada inteligente que dá a um filme originalmente concebido para prescindir de um desfecho um desenlace amargo, porém válido e certamente impactante.
Ao final desta “Parte 1”, as apostas na luta do bem contra o mal estão altas e o público, ávido para conferir das emoções derradeiras reservadas pela “Parte 2”.

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