Apesar de não contar com os personagens Dallas (de Matthew McConaughey) e Kid (de Alex Petiffer), a grande ausência que determina o resultado da continuação de “Magic Mike” é a do diretor Steve Sodenbergh. Felizmente, quem ocupa o lugar dele é o produtor Gregory Jacobs que escapa astuciosamente da armadilha de tentar emular Sodenbergh e concebe a este filme um brilho e uma personalidade próprios.
Cerca de três anos depois de ter abandonado os
palcos, o ex-stripper Mike (Channing Tatum, de volta num dos personagens mais
marcantes de sua carreira) segue realizando suas aspirações profissionais
afrente de uma empresa de móveis personalizados.
De repente, ele recebe um telefonema de seus
antigos colegas: Os também strippers Ritchie (Joe Manganiello), Ken (Matthew
Bomer), Tito (Adam Rodriguez) e Tarzan (Kevin Nash) o chamam para um
reencontro.
Ao contrário de Mike, eles continuaram como
strippers, e agora, largados ao léu por Dallas –que partiu para o estrangeiro
levando Kid à tiracolo –querem fazer uma última apresentação numa convenção em
Macau, antes de receberem dinheiro o suficiente para todos partirem em busca de
seus próprios sonhos.
Assaltado de uma súbita nostalgia, Mike decide
acompanhá-los, numa forma de celebrar a última oportunidade em que esses
grandes amigos estarão todos juntos.
Como diretor, Jacobs troca a observação
inquisitiva e analítica da vida moderna executada por Sodenbergh por uma visão
mais desprendida, onde predomina o alto-astral, e as emoções mais universais a
acompanhar o reencontro dos amigos –o primeiro reflexo bastante positivo é que
o filme acaba dando espaço muito maior para os coadjuvantes e suas
vulnerabilidades.
Se no primeiro “Magic Mike” todo o staff de strippers servia mais para uma
caracterização esmerada do universo das casas noturnas, bem ao gosto a um só
tempo niilista e meticuloso de Sodenbergh, aqui, os anseios e emoções desses
personagens entram em foco, proporcionando a eles a humanidade que não tiveram
a chance de expor: Ritchie é fanfarrão, carismático e, na leveza que
compartilha com todos, um amigo crucial à união do grupo (e possivelmente o
melhor personagem do filme); Ken tem seus próprios anseios e objetivos, mas
antes de tudo precisa superar um ligeiro ressentimento pelo abandono de Mike;
Tito é hábil cozinheiro e planeja obter dinheiro com essa derradeira
apresentação para se lançar no ramo; e Tarzan –ou Ernest –encobre com
imponência e seriedade sua vontade casar e constituir família.
Essa mudança de enfoque, do cinismo para a
ternura, revela facetas novas de todos os personagens e, sobretudo, de suas
dinâmicas: No trajeto de Miami até Macau, confissões afloram, lembranças
animadas são colocadas em pauta e todos saboreiam a sensação agridoce de
estarem juntos uma última vez, o que transforma “Magic Mike XXL” num autêntico
road-movie.
E como tal, o trajeto de seus protagonistas até
seu destino final é registrado nas minúcias de seu humor e de seu drama: O
trailer que os leva sofre uma acidente, obrigando-os a apelar para os favores
de uma conhecida (Jada Pinkett Smith num papel originalmente feito para ser
masculino), e na sequência, encontrar breve refúgio na mansão de uma ricaça
carente (ponta de Andie MacDowell); não sem antes Mike e seu pessoal pararem
numa loja de conveniência e, num desafio oferecido ao divertido Ritchie
–arrancar um sorriso de uma soturna atendente –produzirem a melhor cena do
filme.
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