Mais intrigante do que instigante, o filme de Garth Davis (diretor de “Lion-Uma Jornada Para Casa”, filme indicado ao Oscar 2016) é uma adaptação do livro de Iain Reid, um conto sucinto e objetivo de suspense e ficção científica. Antes de sua estréia a obra até vinha sendo especulada para alguns prêmio, mas sua péssima recepção (sobretudo, de público) talhou essas intenções. Uma pena: Há certos méritos a serem apontados neste filme, embora ele realmente se posicione antagonicamente às obras do circuito comercial com sua narrativa lenta e contemplativa e seu viés melancólico.
O ano é 2067. A Terra e seus recursos naturais
–como já é alardeado nos dias de hoje! –já não albergam a sanha de consumo da
raça humana. Uma incursão iminente no espaço sideral se faz necessária. O casal
de fazendeiros Hen (Saoirse Ronan, sempre fabulosa) e Júnior (Paul Mescal,
ótimo), até por morarem num rincão distante dessas celeumas, consideram esses
assuntos alheios à eles. Isso até a noite em que recebem a visita de um certo
Terrance (Aaron Pierre, de “Tempo”) que afirma ser enviado de uma empresa, a
Outer More, cujos voos espaciais planejados para alguns anos incluem a presença
obrigatória de Júnior.
Negar em função de sua vida na fazenda ao lado
de Hen –e da comodidade que sempre o norteou como pessoa –não é uma opção:
Júnior TEM que ir, afirma Terrance. Entretanto, a empresa, disposta a tornar o
processo mais, digamos, fácil para ambos, enviará Terrance algum tempo depois a
fim de colher dados do casal com um objetivo estranho e específico; eles irão
criar uma duplicata de Júnior (!) para fazer companhia a Hen durante sua
ausência, de modo que ela praticamente não sinta a sua falta.
Após largar essa revelação bombástica ao jovem
casal –cuja relação, as primeiras cenas já parecem sugerir, não ia lá muito bem
dar pernas –o engravatado Terrance parte, retornando pouco mais de um ano
depois, levando Júnior e especialmente Hen a se indagar se a circunstância do
casamento dos dois será capaz de sobreviver a essa imprevista provação.
A exemplo da narrativa do próprio livro em que
se baseia, o filme de Garth Davis é econômico nas informações que entrega ao
expectador, reservando dessa forma uma grande surpresa em seu desfecho, embora
seja possível, aos aficcionados de tramas com guinadas inesperadas, presumir
qual é a grande reviravolta final.
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