Confesso que cheguei à este filme exclusivamente pelo meu interesse na atriz Mikey Madison, no entanto, ao trabalhar os elementos do sub-gênero slasher que tinham à disposição (do qual o “Pânico” original é o exemplar mais brilhante dentre toda a década de 1990), os diretores Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin (da coletânea de terror “V/H/S”) até que souberam manipular com relativa habilidade uma obra que corria o sério risco de ceder à irrelevância, afinal, quatro longa-metragens e um série de TV depois, o que “Pânico” teria a oferecer para toda uma nova geração de expectadores de filmes de terror? Bem, se essa pergunta já havia começado a ser respondida em “Pânico 4” –que data de 2011, flagrando o elenco jovem dos filmes originais já maduro, enquanto os três outros filmes datam, simultaneamente de 1996, 1997 e 2000 –este novo capítulo, lançado em 2022, finalmente consegue reciclar toda aquela fórmula já testada e comprovada agregando a devida homenagem ao slasher, contudo, sem ceder à redundância de seus clichês. Esse jogo de cintura em princípio pode parecer que foi algo fácil de ser feito, mas certamente não foi bem assim.
A começar “Pânico 5” temos uma cena feita à
imagem e semelhança da já antológica cena de abertura do “Pânico” original –na qual
a personagem de Drew Barrymore se torna a primeira vítima do assassino
mascarado após uma brilhante sequência de tensão a partir do diálogo em um
telefone. A cena que se desenrola é praticamente a mesma, exceto que –sinal dos
tempos –agora é um celular que a personagem em questão, Tara Carpenter (vivida
por Jenna Ortega), tem em mãos. Também há um comentário subliminar
incontornável sobre a tecnologia (agora, um clique de botão é capaz de trancar
todas as portas da casa, embora ainda seja inútil perante a esperteza do
assassino e a burrice de suas vítimas) e, certamente, sobre a própria mitologia
que toda a série construiu: Ambientado na fictícia cidadezinha de Woodsboro,
como todos os demais filmes, este aqui mostra toda uma nova geração de
adolescentes fãs de filmes de terror que, desta vez, conhecem de cabo a rabo
toda a história sinistra e metalinguística que envolveu os assassinatos transcorridos
ao longo dos filmes. Nem por isso, porém, isso faz deles mais preparados para o
famoso algoz: Ao aparecer mais uma vez na casa em que Tara está, o assassino Ghostface quase acaba matando-a,
contudo, por um fio, ela escapa –mostrado como mais falho e humano do que
outros assassinos do slasher (algo
que certamente agrega humor à mistura), o Ghostface,
ao menos neste prólogo, não consegue concluir sua macabra intenção –o que faz
da personagem de Jenna Ortega, essencial para a trama que se segue. Essencial,
mas não principal: A protagonista de fato é Sam Carpenter (Melissa Barrera),
sua irmã mais velha, afastada de Woodsboro por motivos familiares, que retorna
para a cidade junto do namorado Ritchie (Jack Quaid, de “Jogos Vorazes”) após
saber do atentado contra a irmã mais nova.
Agora, todas as peças estão, de novo,
justapostas no tabuleiro: Um assassino está à solta, fazendo uma espécie de copycat dos assassinatos anteriores,
usando a já manjada máscara do Ghostface
e, a partir das regras implícitas do gênero disponíveis em todos os filmes (que
são referenciados sem parar pelos personagens), todos procuram sobreviver, ao
mesmo tempo que todos, até prova em contrário, são suspeitos.
Como toda boa obra profundamente referencial
que se preze, “Pânico 5” vale-se das presenças luxuosas do trio protagonista
dos três primeiros filmes de Wes Craven –já não tão jovens como naqueles
tempos, mas (talvez, até por causa disso!), ainda capazes de carregar, e muito
bem, o interesse da narrativa. São eles, o ex-policial Dewey (David Arquette),
a repórter ambiciosa, enxerida e romanticamente envolvida com Dewey, Gale
Weathers (Courtney Cox, casada com Arquette na vida real), e a protagonista dos
quatro filmes anteriores, e único lendário alvo de Ghostface a sobreviver todas as vezes, Sydney Prescott (Neve
Campbell).
Nenhum comentário:
Postar um comentário