terça-feira, 9 de setembro de 2025
The White Lotus - 1ª Temporada
Norte-americanos têm uma relação estranha com a comédia. Trata-se de um gênero trabalhado de forma muito peculiar, conforme o autor. Transformada numa série de antologia por conta de seu sucesso (o que converte estes sete primeiros episódios na primeira temporada, sendo já confirmada até a quarta, cada uma ambientada num local completamente diferente e com outro elenco), a minissérie “The White Lotus” e seu autor, o roteirista e diretor Mike White, fazem com que a comédia realizada aqui traga quantias abundantes de sutileza e um humor negro que, em seus melhores momentos, se revela refinado, tudo baseado num roteiro meticuloso na construção espirituosa de situações complexas, indicativas da dualidade moral humana, e amparado num elenco diversificado e talentoso. A White Lotus do título, é o nome de um hotel resort que, ao menos, nesta primeira temporada, se localiza no Hawaí. A cena inicial se dá num aeroporto, onde o almofadinha Shane Patton (Jake Lacy, de “Armas Na Mesa”, num personagem feito sob medida para ser odioso) voltando do que ele afirma ser sua lua-de-mel aguarda o embarque de um caixão. Quem se encontra morto no caixão? Seria sua bela noiva Rachel (Alexandra Daddario)? Se não, por que ela não está com ele? Uma vez plantadas essas dúvidas, a série regressa uma semana no tempo, para mostrar a chegada dos personagens principais ao White Lotus: A Família Mossbacher composta pelo pai (Steve Zahn, de “Irresistível Paixão”), a mãe (Connie Britton, de “Nosso Tipo de Mulher”) e os filhos Quinn (Fred Henchinger, de “Gladiador II”) e Olivia (Sydney Sweeney, antes do estrelato e da série “Euphoria”), que levou a melhor amiga Paula (Brittany O’Grady); os recém-casados Shane e Rachel, já mencionados; e a viúva ricaça e sem-noção Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge, de “American Pie”). Cada um desses turistas americanos tem suas próprias mazelas pessoais –os Mossbacher disfarçam seu casamento em crise com atenção desmesurada às banalidades, enquanto que a filha Olivia estabelece com Paula uma dinâmica na qual tenta tomar (ou inferiorizar) tudo que ela tem, inclusive, o súbito relacionamento com Kai (Scott Kekumano), um dos empregados do hotel; Shane, no instante em que pisa no hotel, lança-se numa cruzada imatura para tentar obter, através de seu privilégio de menino rico, a suíte que bem desejar, enquanto mostra gradualmente à aflita Rachel a futilidade abissal de seu comportamento; enquanto que Tanya, ao levar as cinzas da mãe para serem jogadas no mar, vai arrebanhando para si vários funcionários do hotel (em especial, a solícita Belinda), convertidos em reféns de sua carência –e cada um ostenta também sua predisposição ao desmazelo social acarretado pelo hedonismo da classe alta. Os burgueses são imaturos, mimados e vazios, e por isso, sobra ao gerente do hotel, Armond (Murray Bartlett, o protagonista real da série), a tarefa nada lisonjeira de tentar administrar tantas vontades insaciáveis, tantos egos necessitados de paparicação.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário