Um fenômeno literário, a série “Harry Potter”
conseguiu o feito de repetir tal fenômeno ao ser vertido para cinema, graças à
excelência de sua realização (que materializou com propriedade as inúmeras
facetas do mundo mágico imaginado pela escritora J.K. Rowling), ao carisma de
seu elenco escolhido com perfeição, e ao talento de seus distintos diretores
que se alternaram nos filmes que se seguiram.
Para o primeiro deles, “A Pedra Filosofal” a
escolha dos produtores recaiu sobre o americano Chris Columbus.
Um diretor essencialmente comercial, acostumado
a moldar sucessos obtidos em parcerias (roteirizou para Steven Spielberg “Os Gremlins”, “Os Goonies” e “O Enigma da Pirâmide” e dirigiu “Esqueceram de Mim”,
produzido por John Hugues) ou individualmente (“Uma Noite de Aventuras” e “Uma
Babá Quase Perfeita”), Columbus fez o que poderia, afinal, dele se esperar:
Narrou com noção criteriosa de ritmo (e auxiliado de maneira inestimável pela
trilha sonora de John Williams) a história do jovem Harry (Daniel Radcliffe,
ótima escolha), orfão inglês maltratado desde sempre pelos tios Vernon e
Petûnia (Richard Griffiths e Fiona Shaw, ela de “Meu Pé Esquerdo”) e pelo
mimado primo Duda (Harry Melling) com quem morou a vida toda.
No entanto, nas vésperas do décimo primeiro
aniversário de Harry, coisas estranhas começam a acontecer: Corujas sobrevoam
sua casa trazendo cartas que seu tio se esforça em esconder dele. Além disso,
um mirabolante incidente no zoológico com uma cobra deixa Harry intrigado.
Quando o gigante Hagrid (Robbie Coltrane)
apresenta-se a ele, Harry descobre a verdade: Que ele é um bruxo, parte de um
mundo que vive oculto através de várias regras dos olhos de pessoas normais –e
os meios pelos quais esse mundo se esconde é um dos aspectos fascinantes vistos
neste primeiro filme.
Harry, na realidade, é uma celebridade no mundo
bruxo: Há muitos anos, na noite fatídica em que perdeu o pai e a mãe, ele,
ainda bebê, deu cabo, de alguma forma, do famoso e maldoso bruxo Voldemort (o
grande vilão da saga) ganhando a cicatriz em forma de raio que tem na testa –e
se tornando orfão no processo.
Com seus onze anos completos, é hora, portanto,
de Harry ingressar na conceituada Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts: E
assim, “Harry Potter e A Pedra Filosofal” se ocupa de definir algumas
características do mundo mágico, mostrar algumas regras que devem serem
seguidas (ou não) conforme testemunhamos o emprego da magia recém-descoberta
pelo protagonista e apresentar os demais personagens (todos numerosos) que participarão
da trama –alguns, de suma importância, aparecem neste capítulo inaugural em uma
única cena como é o caso da Sra, Weasley (Julie Walters).
Este primeiro filme gira em torno de um trama,
que ganha até mesmo ares secundários, a respeito da mítica pedra filosofal
–cuja importância só começa a ser trabalhada de fato quase a partir da sua
metade –e de sua possível capacidade de trazer Voldemort de volta à vida,
entretanto, o que parece contar de fato para a narrativa é a moldura onde todos
os elementos do mundo da bruxaria (ou, ao menos, da Escola de Bruxaria) são
evidenciados em ricos detalhes, sobretudo, da radiante introdução de
personagens como Rony Weasley (Rupert Grint, fantástico), Hermione Granger (a
maravilhosa Emma Watson), o diretor Alvo Dumblodore (Richard Harris), os
professores Minerva (Maggie Smith) e Severo Snape (Alan Rickman, fabuloso) e
tantos outros.
Embora desfrute de
imodestos cento e cinquenta e dois minutos de duração, “Harry Potter e A Pedra
Filosofal” é, no frigir dos ovos, um prólogo, um história de tom
deliberadamente infantil que apresenta com transparência e puerícia esse
complexo contexto dentro do qual os filmes seguintes irão se passar.
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