Em 1984, Al Pacino havia protagonizado um dos
maiores fracassos de sua carreira em “Revolução”, dirigido pelo mesmo Hugh
Hudson de “Carruagens de Fogo” –mas, de um resultado inverso ao bom desempenho
daquele filme –Pacino deu a volta por cima quatro anos depois, graças ao
sucesso deste competente drama policial que o colocou de volta ao topo de Hollywood
para, no ano seguinte, estrelar os aclamados “Dick Tracy” e “O Poderoso Chefão-Parte 3”, uma trajetória de brilho impecável que, ao adentrar os anos
1990, muito contribuiu para levá-lo ao Oscar de Melhor Ator finalmente
conquistado por “Perfume de Mulher”.
Mas... voltemos ao filme de 1989. Dirigido pelo
habilidoso Harold Becker (de “Toque de Recolher”), “Vítimas de Uma Paixão”
parte da premissa um tanto batida da procura por um assassino em série.
É a morte de dois homens que fornece ao
policial nova-iorquino Frank Keller (Pacino) o indício de uma conexão: Ambas as
vítimas, além de serem mortas em circunstâncias semelhantes, colocaram seus
nomes no mesmo anúncio de revista, à procura de companhia feminina.
No decurso da investigação, Keller e seu parceiro
Sherman (John Goodman) colocam, também eles, anúncios nas revistas a fim de
atrair as prováveis suspeitas de terem praticado os crimes.
O roteiro sucinto e desigual de Richard Price
(o mesmo de “A Cor do Dinheiro”) demanda um tempo incomum na humanização de seu
protagonista: Além da solidão contumaz da cidade grande e dos aborrecimentos
inerentes do recente divórcio, Keller é mostrado padecendo de desglamourizadas
frustrações na execução de seu trabalho, quando uma pista aparentemente quente
leva a uma desiludida perda de tempo.
É o que aparenta acontecer quando ele se
encontra com Helen (a sensualíssima Ellen Barkin), também divorciada, mãe
solteira e loira extraordinariamente voluptuosa que lhe responde um dos
anúncios.
O encontro programado e repleto de escutas para
todos os lados não dá muito certo. Contudo, algum tempo depois, Keller
reencontra Helen casualmente, sem a companhia de seus companheiros do trabalho;
e o flerte antes mal-sucedido acaba levando os dois para a cama.
A medida que os dias seguem e a relação afetiva
e sexual dos dois vai ganhando mais expressão, a paranóia de Keller também se
amplifica diante da possibilidade nunca refutada de que Helen possa ser autora
dos crimes –e Keller, por conseguinte, sua próxima vítima!
Além da presença certeira
de Pacino como seu perplexo protagonista –nuances de desorientação e de
desilusão às quais ele dá soberba expressão –“Sea Of Love” (título que remete à
uma canção de Phil Phillips que toca toda a vez que os crimes são executados, e
que é regravada por Tom Waits nos créditos finais) também vale a conferida
graças a participação espetacular da loiraça Ellen Barkin, uma das mais
vulcânicas femme fatales da década de 1980.
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