quarta-feira, 20 de maio de 2020

Quando Em Roma

Dirigido pelo diretor Mark Steven Johnson (realizador de “Demolidor-O Homem Sem Medo”, aquele que tinha Ben Affleck, e de “Motoqueiro Fantasma”), ao que parece um especialista em fazer filmes mercadológicos e esquecíveis, “Quando Em Roma” é uma comédia romântica que corre o tempo todo o risco de ser mercadológica e esquecível.
Comédias românticas em geral são difíceis de engolir –o romantismo excessivamente idealizado com base em sentimentalismo, as motivações pouco realistas e as premissas desprovidas de autenticidade são reflexos condicionados do sub-gênero –mas, hora ou outra, realizadores competentes conseguem manejar o material e dele extrair algo memorável (como Rob Reiner o fez em “Harry & Sally-Feitos Um Para O Outro” ou Mark Webb em “500 Dias Com Ela”) ou às vezes um acaso feliz engrandece um filme que tinha tudo para ser pequeno (como Sandra Bullock em “Enquanto Você Dormia”), pouco disso podemos ver ocorrendo aqui: Em sua redundância, e vontade assumida de ser redundante (que o diretor Johnson parece confundir com modéstia e discrição), “Quando Em Roma” é daqueles filmes que a passagem dos anos haverão de soterrar completamente a lembrança.
Críticos procuram o tempo todo produções que, nos tempos atuais têm pleno potencial para sobreviver ao teste do tempo e se tornarem clássicos vindouros, mas hoje eu proponho um olhar para um pequeno e insípido filminho sem a menor chance de isso acontecer.
A começar por sua atriz principal, Kristen Bell.
Mais lembrada por ser a voz em Elsa nas cópias em inglês de “Frozen” –mas não nas canções! –Kristen é uma jovem atriz que apareceu em diversos filmes aqui e ali; como em “Ressaca de Amor” outra comédia romântica, acrescida porém de humor escrachado.
Sem ser uma atriz de talento desigual em meio aos seus pares, mas também compreendendo as engrenagens da indústria e as dinâmicas de uma cena, Kristen está naquele moroso meio termo em que sabe desempenhar direitinho (e ser bonitinha ajuda), mas nunca obtém qualquer tipo daquele lampejo que a distinguisse como uma estrela. O mesmo vale para seu par central, Josh Duhamel (de “Transformers”) que até tenta, faz o possível, e até incorpora maneirismos de uma comédia mais escancarada, sem conseguir escapar do abismo da falta de carisma.
Pois Kristen é a mocinha às voltas com a (falta de) amor neste filme, sua personagem, Beth, é uma curadora de arte que jamais foi capaz de colocar o amor a frente da profissão –na cena inicial, ela experimenta uma peculiar saia-justa com seu ex-namorado (Lee Pace).
Já sua irmã caçula (Alexis Dziena, de “Flores Partidas” e “Garotas Sem Rumo”) é outra história: Apaixonou-se por um italiano e marcou casamento!
Em Roma para as festividades, Beth até pensa ter encontra uma chance de também ser feliz com o destrambelhado Nick (Duhamel), mas um mal entendido leva Beth a afogar as mágoas na Fontana D’Amore, onde os românticos jogam moedas para ter seus desejos por encontrar um amor atendidos.
Indignada, Beth resolve pegar cinco moedas de volta.
E, nos dias que se seguem, ela descobre ter em seu pé cinco pretendentes repentinamente apaixonados: O mágico de rua Lance (Jon Heder, do cult-movie “Napoleão Dynamite”); o artista frustrado Antonio (Will Arnett, a voz do Cavaleiro das Trevas em “Lego-Batman”); o financiador de uma de suas exposições de arte Al (o honorável Danny De Vitto); o modelo narcisista e cheio de si Gale (Dax Shepard, namorado de Kristen Bell na vida real); e o próprio Nick, que insiste em sair com ela e levá-la para jantar.
Se por um lado esse mote rende encrencas que procuram preencher seu lado comédia (com momentos que nem sempre têm a graça que gostariam de ter), por outro lado, o dilema de Beth atende ao aspecto romântico: Ela se apaixona realmente por Nick, a despeito dos esforços um tanto ridículos dos outros, mas se ressente quando descobre a circunstância mágica do ocorrido –como os demais, Nick não a ama de fato, exceto porque ela pegou sua moeda.
E quando a mágica for, por fim, quebrada, ele voltará ao estado normal onde não a ama.
Com efeito, esse tipo de encontro e desencontro, em sua superficialidade, é até compreendido pelo público como uma faceta aceitavelmente fraca inerente à uma comédia romântica, mas a condução de Mark Steven Johnson exagera na preparação do clímax –aquele onde os apaixonados se declaram, hã... apaixonados –de tal forma que a expectativa passa do ponto e se torna irritante e insuportável, adjetivos que os melhores artesões a manipular o gênero souberam muito bem evitar.

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