Dirigido pelo diretor Mark Steven Johnson
(realizador de “Demolidor-O Homem Sem Medo”, aquele que tinha Ben Affleck, e de
“Motoqueiro Fantasma”), ao que parece um especialista em fazer filmes
mercadológicos e esquecíveis, “Quando Em Roma” é uma comédia romântica que
corre o tempo todo o risco de ser mercadológica e esquecível.
Comédias românticas em geral são difíceis de
engolir –o romantismo excessivamente idealizado com base em sentimentalismo, as
motivações pouco realistas e as premissas desprovidas de autenticidade são
reflexos condicionados do sub-gênero –mas, hora ou outra, realizadores
competentes conseguem manejar o material e dele extrair algo memorável (como
Rob Reiner o fez em “Harry & Sally-Feitos Um Para O Outro” ou Mark Webb em
“500 Dias Com Ela”) ou às vezes um acaso feliz engrandece um filme que tinha
tudo para ser pequeno (como Sandra Bullock em “Enquanto Você Dormia”), pouco
disso podemos ver ocorrendo aqui: Em sua redundância, e vontade assumida de ser
redundante (que o diretor Johnson parece confundir com modéstia e discrição),
“Quando Em Roma” é daqueles filmes que a passagem dos anos haverão de soterrar
completamente a lembrança.
Críticos procuram o tempo todo produções que,
nos tempos atuais têm pleno potencial para sobreviver ao teste do tempo e se
tornarem clássicos vindouros, mas hoje eu proponho um olhar para um pequeno e
insípido filminho sem a menor chance de isso acontecer.
A começar por sua atriz principal, Kristen
Bell.
Mais lembrada por ser a voz em Elsa nas cópias
em inglês de “Frozen” –mas não nas canções! –Kristen é uma jovem atriz que
apareceu em diversos filmes aqui e ali; como em “Ressaca de Amor” outra comédia
romântica, acrescida porém de humor escrachado.
Sem ser uma atriz de talento desigual em meio
aos seus pares, mas também compreendendo as engrenagens da indústria e as
dinâmicas de uma cena, Kristen está naquele moroso meio termo em que sabe
desempenhar direitinho (e ser bonitinha ajuda), mas nunca obtém qualquer tipo
daquele lampejo que a distinguisse como uma estrela. O mesmo vale para seu par
central, Josh Duhamel (de “Transformers”) que até tenta, faz o possível, e até
incorpora maneirismos de uma comédia mais escancarada, sem conseguir escapar do
abismo da falta de carisma.
Pois Kristen é a mocinha às voltas com a (falta
de) amor neste filme, sua personagem, Beth, é uma curadora de arte que jamais
foi capaz de colocar o amor a frente da profissão –na cena inicial, ela
experimenta uma peculiar saia-justa com seu ex-namorado (Lee Pace).
Já sua irmã caçula (Alexis Dziena, de “Flores Partidas” e “Garotas Sem Rumo”) é outra história: Apaixonou-se por um italiano
e marcou casamento!
Em Roma para as festividades, Beth até pensa
ter encontra uma chance de também ser feliz com o destrambelhado Nick
(Duhamel), mas um mal entendido leva Beth a afogar as mágoas na Fontana
D’Amore, onde os românticos jogam moedas para ter seus desejos por encontrar um
amor atendidos.
Indignada, Beth resolve pegar cinco moedas de
volta.
E, nos dias que se seguem, ela descobre ter em seu
pé cinco pretendentes repentinamente apaixonados: O mágico de rua Lance (Jon
Heder, do cult-movie “Napoleão Dynamite”); o artista frustrado Antonio (Will Arnett, a voz
do Cavaleiro das Trevas em “Lego-Batman”); o financiador de uma de suas
exposições de arte Al (o honorável Danny De Vitto); o modelo narcisista e cheio
de si Gale (Dax Shepard, namorado de Kristen Bell na vida real); e o próprio
Nick, que insiste em sair com ela e levá-la para jantar.
Se por um lado esse mote rende encrencas que
procuram preencher seu lado comédia (com momentos que nem sempre têm a graça
que gostariam de ter), por outro lado, o dilema de Beth atende ao aspecto
romântico: Ela se apaixona realmente por Nick, a despeito dos esforços um tanto
ridículos dos outros, mas se ressente quando descobre a circunstância mágica do
ocorrido –como os demais, Nick não a ama de fato, exceto porque ela pegou sua
moeda.
E quando a mágica for, por fim, quebrada, ele
voltará ao estado normal onde não a ama.
Com efeito, esse tipo de
encontro e desencontro, em sua superficialidade, é até compreendido pelo
público como uma faceta aceitavelmente fraca inerente à uma comédia romântica,
mas a condução de Mark Steven Johnson exagera na preparação do clímax –aquele
onde os apaixonados se declaram, hã... apaixonados –de tal forma que a
expectativa passa do ponto e se torna irritante e insuportável, adjetivos que
os melhores artesões a manipular o gênero souberam muito bem evitar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário