segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Godzilla II - O Rei dos Monstros


 Último capítulo que faltava ser assistido do assim chamado ‘Monsterverse’ –eu e minha mania de assistir filmes sequenciados fora de ordem... –este “Godzilla II” se ambienta após “Godzilla” (do qual é continuação direta) e “Kong-AIlha da Caveira”, e pouco antes de “GodzillaVs Kong”.

O universo compartilhado de filmes estrelados por monstros gigantes icônicos do cinema terminou funcionando com mais eficiência do que o Universo da DC, no qual os Estúdios da Warner depositavam muito mais expectativa. Grande parte disso se deve, ironicamente, pelo pouco caso que o próprio estúdio fez dessa série de filmes –o que proporcionou liberdade criativa aos realizadores.

Certamente, a simplicidade da fórmula também ajudou muito: Amparadas assumidamente na pirotecnia, nenhuma dessas produções ocultava o fato de que os personagens humanos serviam como um tênue e tímido suporte às sequências de destruição promovidas pelos embates dos monstros. A trama aqui soa como uma obrigação burocrática. Um pretexto que os próprios realizadores reconhecem como sendo enfadonho e necessário; e, para tanto, transformam tais passagens em momentos básicos, fugazes e simplórios. Nem mesmo a presença de um elenco estelar ameniza esse descaso.

Os protagonistas humanos de “Godzilla II” são a garota Maddison (Millie Bobby Brown, da série “Stranger Things”), seus pais, a Dra. Emma Russell (a maravilhosa Vera Farmiga) e o Dr. Mark Russell (Kyle Chandler, de “Super 8”) e os cientistas ao redor deles, movidos por ocasionais e conflitantes motivações, interpretados por Charles Dance, Ken Watanabe, Sally Hawkins e Zhang ZiYi. São os nomes mais proeminentes que cobrem o núcleo humano e se encarregam dos diálogos só para que os produtores possam argumentar que seu filme tem sim uma história, contudo, a razão de ser de “Godzilla II” são mesmo os monstros gigantescos –denominados Titans –materializados em cena graças aos efeitos visuais de última geração.

Na comparação com os demais filmes do ‘Monsterverse’, “Godzilla II” traz a reunião mais numerosa de monstros em cena: Além do personagem principal, Godzilla –cujo surgimento no filme de 2014 despertou o interesse de diversos cientistas mundiais, inclusive aqueles a frente do Programa Monarch –aparecem também os míticos Mothra (uma mariposa gigantesca, tal como Godzilla, oriunda dos mesmos filmes japoneses dos estúdios Toho), Rodan (um pterodáctilo gigante constituído de fogo), Ghidorah (o grande vilão, uma espécie de dragão de três cabeças) e muitos outros.

Isso por conta de uma constatação megalomaníaca (e, no fim das contas, um tanto idiota) de alguns cientistas de que a raça humana é uma infecção no planeta, e os monstros representam glóbulos brancos criados pela natureza para combater esse “vírus”. Assim sendo, os monstros –ou Titans –seriam uma correção natural para as catástrofes climáticas acarretadas pela superpopulação mundial. Entretanto, o volume exorbitante de Titans que acabam despertando excede de tal forma o previsto que, liderados pelo mortífero Ghidorah, podem fazer com que a humanidade entre em extinção.

Como é inevitável, esse argumento coloca o poderoso Godzilla, uma vez mais, como a última esperança para que os seres humanos sejam salvos.

Haviam pequenos e pertinentes detalhes em cada um dos filmes realizados dentro do ‘Monsterverse’, a maioria deles, reflexos do manejo eventualmente inspirados de seus diretores: No primeiro “Godzilla”, a percepção de espetáculo a um só tempo intimista e épico de Gareth Edwards conferia-lhe diferenciação; em “Kong” o diretor Jordan Vogt-Roberts oferece um senso singular de cinema, enfatizando sua paixão por um sem-número de produções dos anos 1970 (onde a trama era ambientada); e no posterior “Godzilla Vs Kong” (para muitos, o melhor exemplar de todos), o diretor Adam Wingard uniu com propriedade e esperteza todas essas e outras facetas mais para construir um espetáculo feito de todos os elementos funcionais dos filmes anteriores. Aqui, neste segundo “Godzilla”, a narrativa perspicaz de ritmo e clímax do diretor Michael Dougherty (também ele vindo das fileiras do gênero terror como muitos dos outros) até compreende os inúmeros pontos positivos da produção e corre para valorizá-los, no entanto, a grandiosidade dos embates não chega a oferecer algo novo, os efeitos visuais não contribuem com qualquer sentimento de ineditismo ao que os filmes anteriores já trouxeram, e sua trama –que ousa apenas no detalhe de reunir o maior coletivo de monstros gigantes até então –se estende em debates e considerações verborrágicos que apenas preenchem tempo de filme.

Nunca aquela máxima de que a história apenas justifica a ação foi tão bem ilustrada quanto em “Godzilla II-O Rei dos Monstros”.

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