Com sua história ambientada entre “Capitão América-Guerra Civil” e “Vingadores-Guerra Infinita”, “Viúva Negra” terminou sendo realmente lançado após “Homem-Aranha Longe de Casa”, o que o torna circunstancialmente um filme anacrônico dentro da cronologia do Universo Marvel Cinematográfico –tendo, além disso, sido atrasado em um ano de seu lançamento em cinema por conta da pandemia.
Com essas condições desfavoráveis a lhe pesar,
até é admirável que ele seja uma obra tão fluente, agradável e vívida, quando
olhamos para além da muralha de críticas rabugentas que ele recebeu.
É um dos mais fracos filmes da Marvel Studios?
Nem sob um decreto (esse demérito ainda pertence à “Thor-O Mundo Sombrio” e à
“Vingadores-A Era de Ultron”), o seu grande problema é que a Marvel habituou o
público a um crescendo notável de qualidade ao longo de seus bem-sucedidos
filmes –e essa qualidade intensificou-se nos últimos lançamentos (“Pantera Negra” foi até indicado ao Oscar de Melhor Filme!). Manter esse patamar é, portanto,
uma tarefa árdua e, se “Viúva Negra” não o cumpre com totalidade, ao menos,
preserva dignidade o bastante para ombrear as excelentes obras mais recentes.
Seu lançamento padece de uma falta absoluta de timing? Com certeza –entre outras
coisas, porque a Viúva Negra já deveria ter ganho seu próprio filme muitos anos
antes (o produtor Kevin Feige só se convenceu a realizá-lo após forte
insistência popular), e porque, diante da consciência do desfecho definitivo
que a personagem ganha em “Vingadores-Ultimato”, muito da trama, dos perigos e
do suspense no filme acabam perdendo sua razão de ser –afinal, já sabemos de
antemão o que acontecerá com a heroína.
Logo após um prólogo que parece sugerir a
origem da protagonista em sua infância –mas, que tão somente fornece a origem
da dinâmica de ‘família disfuncional’ que une os personagens a rodear a
protagonista nesta obra –surgem os créditos iniciais (coisa rara nos filmes da
Marvel) ao som de uma versão de “Smell Like Teen Spirit” e, num salto temporal
rumo à vida adulta da personagem principal, acompanhamos Natasha Romanoff
fugindo das autoridades e das consequências de suas escolhas em “Guerra
Civil”.Como a espiã indefectível que é, ela tenta se esconder de tudo e de
todos.
Contudo, em seu esconderijo, ela encontra uma
encomenda despachada por sua irmã, Yelena Belova (a fabulosa Florence Pugh),
garotinha que havia aparecido naquele prólogo.
Como a própria Natasha, Yelena foi capturada
para o Programa Sala Vermelha, que formava as Viúvas Negras quando ainda eram
crianças, transformando-as em assassinas treinadas a serviço da União
Soviética. O destino de Natasha, sabemos, a levou a integrar a S.H.I.E.L.D. e,
mais tarde, os Vingadores; já o destino de Yelena, que o filme trata de revelar
(de forma até mais abrangente do que os detalhes nebulosos da origem de
Natasha), foi tornar-se, também ela, uma Viúva Negra, entretanto, diferente da
irmã que teve a sorte de encontrar o Gavião Arqueiro pela frente (levando-a aos
EUA e colocando-a num caminho de redenção), Yelena continuou prisioneira da
Sala Vermelha e do manipulador líder do programa, o amoral Dreykov (Ray
Winstone). É numa missão quase corriqueira que Yelena inala uma dose de gás
experimental, um antídoto para o controle bioquímico que ela a as outras Viúvas
Negras sofreram, e que as fazem letais para com seus alvos e subservientes para
com seu líder.
De posse das poucas cápsulas desse antídoto,
Yelena envolve Natasha em sua cruzada para descobrir a misteriosa localização
da Sala Vermelha e libertar todas as Viúvas Negras. O que significa reencontrar
também o ‘pai’ delas, Alexei, também conhecido como Guardião Vermelho, uma
espécie de Capitão América Soviético (vivido com humor nem sempre apropriado
por David Harbour), bem como sua ‘mãe’, Melina (Rachel Weisz, sempre elegante e
sólida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário